Dream Hot Chocolate and Dream Tea

Lars Mikhail. Diretor da casa de Grifinória, Professor de Duelos e idealizador. Sim. Idealizador de uma nova Ordem oculta de bruxos para por as coisas nos eixos. Matt, seu bom e velho amigo Ministro e seus soldadinhos de chumbo conhecidos por Aurores a muito tempo não convencem mais o bruxo dourado de suas efetividades como protetores dos mais novos. O mundo era lotado de pessoas perigosas e você podia trombar com elas em qualquer lugar, principalmente, com bruxos.

As aulas voltariam em breve. Mas ainda tinha tempo para viajar, e a Suíça foi sua última parada. Era uma manhã gelada, havia deixado o hotel barato e discreto para trás em passadas largas. Suas vestes? Uma camiseta social branca listrada com preto por dentro da calça social preta de corte inglês, igual ao blazer que vestia com seu botão superior fechado. O corpo robusto que se apresentava por baixo das vestes exalava um cheiro amadeirado e suavemente adocicado, talvez fosse Frances, como o couro dos sapatos que pisavam de maneira tão firme ao chão.

E foi este homem que entrou no ViCAFE Bellevue, sem movimentos robustos e muito menos bruscos. Era neutro a todo o ambiente.

Os olhos azuis correram com o olhar por todo o ambiente. Avaliava as pessoas, o clima agradável e por fim, o televisor que passava o noticiário de que as casas mais inóspitas do país teriam grandes problemas com o frio. Irônico, sabe? Ver e ouvir isso dentro de um ambiente aquecido, com tantas pessoas sem demonstrar sequer uma preocupação. Arfou e cerrou os dentes, com o gosto amargo de alguém que ainda sequer tomou seu desjejum. Então, preferiu desligar sua mente daquilo e avançar até o balcão. ———— Um chocolate quente, por favor. ———— Pediu no mais perfeito idioma nativo, difícil de notar que era estrangeiro.

Tragédias... Tragédias como essa estavam assolando o mundo bruxo. Mas não era por efeitos naturais. Mas por bruxos. Por pessoas que escolhiam o caminho das trevas, seja lá porquê. Isso o incomodava. Godric's Hollow era um lugar de medo e até mesmo agora, em Hogwarts, não conseguia parar de pensar o quão perigoso vai ser a seus alunos. Contudo, espantou os pensamentos sombrios com seu 'mantra pessoal', sussurrado apenas para si, e talvez, para algum/a curioso/a perto o suficiente para captar o grave som de sua voz a escapar dos lábios firmes ocultos pela barba loura: ———— Por todos, Valente. ————

Quando que ela chegou, ainda é um segredo. Mal havia notado quando ela encostou perto de si. Seu cheiro era singular. Nunca havia sentido antes. Porém, contudo, entretanto, o que chamou-lhe a atenção foi sua privacidade violada. Ela ouviu o que ele havia dito, e não bastando, ainda especulou em "voz alta" o suficiente para deixar claro que havia escutado. Bem, sua bebida havia chego. Contudo, agora já era tarde. Sua mente estava cativada, e como diz um livro dos não-magi. "Você é responsável pelo o que cativa." E de alguma forma, tornou-se responsável por aquela pequena bruxa.

Deu a ela alguns segundos para pensar. Para ponderar, e então, guiou para os lábios o liquido quente. Sorveu-o com calma, e quando os lábios se separaram da porcelana e este mesmo objeto voltou a sua antiga posição, sua voz se ergueu, a um tom audível para ambos———— Significa que minha coragem vem para quem precisa, e não por mim mesmo. Significa ter a ousadia de fazer o que é correto, mesmo quando parecer errado. É meu lema pessoal. ———— Obviamente, isso a remeteria a Grifinória de Hogwarts. Ele, por sua vez, se posicionou melhor sobre o banco frente ao balcão, podendo pousar claramente os olhos azuis sobre a menor. Difícil lê-los através da expressão neutra da face. Teria o ofendido? Ou apenas não surpreendeu o homem? Difícil decidir. De qualquer forma, ela já não enfrentava aquele olhar, que havia voltado para o televisor e a sua bebida.

Dizem que cacos quebrados de vidro sempre caem perto um do outro. Mikhail é um destes cacos. Um grande caco fragmentado de uma casa de cristais, dos sonhos de uma doce princesa que se foi. Agora, talvez, depois de muito tempo, estivesse encontrando o caco da casa de alguém que nem teve a chance de terminar sua construção. Doce menina. Havia escutado seu lema, e... Bem. Abraçou-o de coração. Admirou sua beleza bruta, sem perceber que era a declaração clara de alguém que havia desistido de si. Que tirava sua força aos outros, pois por si mesmo, não valia mais a luta. Poderia dizer que se decepcionou por ela não ter notado isso, mas... Que bom que ela não entendeu. E isso o aliviou. Aparentava ser tão jovem para compreender tamanha descrição de um desistente, que ser visto como Herói, o acalmava o coração. ———— Sim, é uma lema bonito. ———— Replicou, com um semi-sorriso no rosto, enquanto ela divagava para longe em sua mente. Deu a ela certa privacidade, até que, ela retornou a tona. Suas palavras carregavam cortesia embargada pela tristeza das lembranças que trouxe, assim como também, vinha com uma mão estendida.

Como um bom anfitrião, recebeu a mão dela com a própria. O choque de texturas era engraçado. Lars ostentava pequenas cicatrizes em dedos largos e longos. Uma mão forte, que abraçava a da Hughes com tranquilidade. Era quente e suavemente áspera, como alguém que brigava para se livrar dos calos dos anos. ———— Prazer em te conhecer, Safira. E não há de que, acabei te ensinando por acidente. Eu sou Lars Mikhail. ———— E foi quando a conexão se desfez. Recolheu a mão para a orelha da xícara, e voltou a bebericar, quando ouviu o convite. "Não." Pensou ele. ———— Claro. ———— Foi sua réplica, em retribuição ao profundo mergulho que Bianc encontraria nos azuis de seus olhos. ———— Mas terá de se redimir de fato, huh? ———— Soltou, em um tom amistoso, junto do presente que seria um sorriso labial.

Hughes. Heh. Quais as chances de trombar com uma parente de seu velho e bom amigo, o ministro? Ainda mais em um ambiente tão comum do mundo trouxa. Não acreditava no destino, mas aquele acaso havia sido engraçado. Pode notar que por um momento, ela havia se perdido em si. Não se acanhou, mas temeu tê-la assustado ou... Enfim. Dizem que seus olhos expressam sua alma. E o Mikhail não acreditava possuir uma das mais belas, mesmo enquanto ela narrava algo tão bonito sobre algo tão simples que havia dito. Não havia notado quando as palavras da menor haviam se alojado em sua mente, mas sabia que não esqueceria tão cedo. " Me importo mais com quem amo, do que comigo mesma. " Doce menina... O Mikhail só se importava com os outros, porque já havia desistido de si. Não era nobre, era apenas um egoísta, que por um momento acreditou o melhor de si por conta das palavras de uma desconhecida que acabou de conhecer.

No final, o toque ajudou aos dois fugirem de suas próprias "cadeias". Ela, toda cortes, emanava um ar de beleza delicada bem curiosa. Não dava mais do que vinte anos de idade para a menor e por um momento se perguntava porque havia se permitido entrar em todo aquele contato humano, até lembrar de Hogwarts. Bem. Sorriu com a afirmação sobre seu nome. Poucos achavam belo, a maioria achava estranho. Mas, se já era amigo de um Hughes, por que não de outro? Sua resposta a toda a fala da mais jovem, foi um sorriso amistoso. ———— E o prazer é todo meu. ———— Replicou, em resposta ao final da frase. Então, rumaram para uma das mesas, após a escolha da menina. Decidiu por em pratica seu cavalheirismo esquecido, e a auxiliou a se sentar ao puxar a cadeira e trazer para perto da mesa, até o dado conforto de Safira. ———— Pronto. ———— Exclamou, após deixa-la em seu lugar. Retornou, então, dois passos até o balcão. Buscou a própria bebida, e foi quando a ouviu pedindo para se sentar e confirmar o conforto. Sendo assim, puxou uma das cadeiras e se sentou, frente a frente com ela. Respirou fundo com um olhar analítico para com a rua através da vitrine. Pergunta difícil a que ela fez. ———— Sim, pode me chamar assim. E sobre a Suíça... Bem. Gosto do frio. ———— Desculpa esfarrapada. Nem mesmo ele acreditou, então, franziu os lábios por um momento e sorriu, convencido a falar a realidade. ———— Desculpe, não fui honesto. Estou fugindo dos meus fantasmas, antes que as aulas voltem e eu tenha que conviver com eles dentro dos muros daquele lugar. ———— E então, livre do peso da desonestidade, deu um pequeno gole na própria bebida. Fria, "do jeito que eu gosto", e então ergueu o olhar ao da Hughes. ———— E você? ———— Seria assim, que talvez, em um pequeno descuido, ela teria o vislumbrar do cabo da varinha do Mikhail no bolso interno de seu terno. Revelado que de fato era um bruxo, e o mais provável, um professor de Hogwarts.

No momento em que ela disse do prazer ser mútuo, o homem deu um sorriso discreto. Era agradável pensar que alguém considerava "legal" conhece-lo, sem que fosse seus alunos. De qualquer forma, ele seguiu seu diálogo. Notou que ela havia se preocupado, mas tudo que fez foi balançar a mão em um sinal de "está tudo bem". Após ter dito tudo que disse, sua respiração normalizou. Era difícil para ele, ainda. Mesmo depois de alguns anos.

Foi quando no final, ela revelou toda a reflexão que havia tido observando os olhos de Lars. Era interessante se sentir avaliado, sendo ele o Professor ali. Mas no final, ela concluiu confirmando que suas razões ali eram semelhantes, apenas com a distinção de que ela adora doces e ele, só queria um achocolatado. Que ironia maluca da vida, não? Contudo, no final, ela revelou ser de fato a prima de Matt, o ministro e seu amigo. Não freando, ainda guiou-se a sua profissão, com a perfeita dedução de ser um professor de Hogwarts. Ele bebericou a doce bebida e devolveu a xícara ao piris de porcelana branca, e bateu "palminhas" por tudo que ela havia dito. ———— Parabéns. Encantadora em toda sua avaliação. Digna de uma prima do Matteo, sempre tão genial. Sinto falta dele. Estudamos juntos. ————  Em uma pausa, a língua umidificou os lábios e ele seguiu a fala. ———— Professor de Duelos e Diretor da Grifinória, a seu dispor. ———— Disse, num tom "teatral", e sorriu, voltando para a xícara. Depois de alguns goles, voltou o objeto a seu lugar, agora, vazio. ———— E você, Safira? O que faz nessa vida mágica de altos e baixos que temos? ————

A empolgação dela com a ideia de que Lars e Matt eram amigos o acabou fazendo rir. Eram tantas aventuras que viveu com o ministro da magia, quando ele era só um bruxo inseguro de sua própria magia(e de sua própria varinha), que as recordações o fizeram rir. Não do animo dela, mas só das recordações, mesmo. ———— Ironia da vida, não acha? Tão longe de casa, esse encontro inesperado. De qualquer forma, não me arrependo. Pelo jeito, todo Hughes é bom de papo. ————  Disse, com uma voz mais amistosa e gentil do que quando começaram a conversar. Lars... Estava gostando, dela. Sim. Era uma companhia confortável de se ter.

Com o comentário sobre seu trabalho ser interessante, ele maneou a cabeça positivamente. Melhor ela não saber da parte mercenária de sua vida. Contudo, quando ela falou sobre ser meia-veela, o quase-seuxalmente-morto Lars Mikhail entendeu porque Safira era atraente. Mesmo que isso não o atiça-se, olhar para a Hughes era agradável. Como observar um belo quadro. Só que vivo e interativo. ———— Veela é? Ao menos eles vão presos com uma imagem mais bonita. Quando eu faço alguns favores aos teus irmãos, meus prisioneiros tendem a ir desmaiados. hahaha! ———— E então, ela seguiu. Modelo na vida não-magi. Interessante, Lars era acionista majoritário na corporação de segurança e tecnologia Mikhail, um empresário que raramente aparecia na empresa. ———— Ganhar muito dinheiro, tirando fotos. Acho que você certamente é a meia veela mais genial que existe neste mundo. Céus, por que eu não nasci assim? ———— Colocou uma dramatização em sua voz, chegou a por a mão no peitoral por isso, com a expressão de falso sofrimento. No final, um sorriso de dentes brancos e alinhados surgiu, junto de um olhar azul animado.

Após isso, fez sinal a um dos garçons. Pediu para ele um chá, doce de preferencia. Algo que... Acalmasse. Mas apenas para si, sem saber se Safira desejaria algo do tipo ou não.

As palavras soltas pela Hughes colocou-o para refletir um pouco, mesmo que tivesse seguido a frase. Mas encarar os olhos marejados doeu um tanto quanto no Mikhail, que puxou do bolso de seu sobretudo um lenço vermelho com um M dourado bordado em fios de ouro. E deslizou-o até a mão da menina, deixando os dedos tocarem suavemente, em um gesto de gentileza. ———— Anjos, é? Bem, até o cão já foi um, então, por que eu não? ————  Replicou em um tom brincalhão, em busca de tira-la daquele breve momento de desconforto. Um dos olhos azuis? Piscou em um sinal de "Está tudo bem, fique a vontade. "


Sobre o comentário que ela fez em relação a assédio, Lars apenas conseguia concordar. Que pena que assédio não era considerado um crime mais ofensivo. Contudo, quando ela concluiu a fala sobre como alguém que a assediasse iria acabar parando em um caixão, invés de Azkaban, começou a pensar que ao menos para aquela Hughes não era necessário uma "lei severa" para o assédio. Ela já seria severa por si só. ———— Acho que trombar com você pode ser uma punição adequada pra estes babacas. ———— Ressaltou mais como uma reflexão em voz alta, do que de fato, querendo corta-la em suas palavras. E então, a ouviu falar sobre música e... Talvez lança-lo como alguém bonitão para os trouxas. Pobre, mal sabe as deformidades daquele corpo. ———— Sua voz é tão bela quanto seu nome, Safira. Deveria tentar um dia, nem que fosse em um bar. Garanto que eu seria o primeiro a aplaudir e o último a ir embora. Agora... Modelo? Desculpe. Debaixo destas roupas só estão reflexos de um animal pensante. Mas, um animal. ———— O tom final não carregava tristeza, mas... Uma dura realidade. Contudo, ele notava naquele doce rosto, certo desanimo. Certo abate. E foi assim que a mão de Lars avançou até a face da Hughes e afastou uma das mechas para trás da orelha, expondo a face angular da garota. ———— Muito bem... Agora só falta uma coisa. Hn... Um sorriso! É isso. Que tal um sorriso, Fira? ———— Seria a primeira vez que a chamou assim. E foi natural. Não havia notado. A mão recuava, e apenas as pontas dos dedos escorregaram de leve sobre a maçã da face da menor, como uma caricia acidental.

Safira tinha os olhos da falecida esposa. Mas o rosto lembrava Eva, sua irmã e confidente. Vê-la triste era algo bem desconfortável, então... Por que não tentar mudar isso, não é?