Bar e sala da lareira

Karenina esfregou os olhos cansada, após as férias na casa dos avós trouxas a jovem havia se enfiado no quarto, passava maior parte de seu tempo estudando ou olhando alguma coisa em seu notebook. Mesmo sua família sendo grande, durante as férias, a casa parecia ficar vazia, mas isso não incomodava a garota. Já estava anoitecendo quando a jovem desligou o aparelho trouxa e levantou-se de sua cama, os costumeiros barulhos que acometiam a noite na mansão estavam lá. Trazendo uma sensação de paz para o corpo quente da corvina.

Alçou o condão e o celular trouxa entre os dedos finos, uma ação impensável e já automática. Em alguns minutos estava já no que parecia ser as torres da residência, tudo estava escuro, além, é claro, das iluminações provenientes da decoração e da área exterior. Bocejou, não estava com sono, mas fazia aquilo com frequência. Caminhou sem um objetivo definitivo, talvez devesse comer algo ou deitar em um sofá qualquer e ficar ali por horas, desperdiçando seu tempo inútil de vida.

Nina sobressaltou-se assim que ouviu alguém falar com ela. O rosto, antes enfiado na brilhante tela do celular, agora tinha uma expressão surpresa, os olhos azuis arregalados olhavam com atenção Cass. A garota estivera fora comprando seu material escolar, mas Nina não saberia dizer a hora que ela e os tios haviam voltado. Sorriu. Um sorriso simples, mas cheio de calor. – Hey, Cass! Que bom ver você! – Karenina permitiu a ironia escorrer por suas palavras, uma risadinha acompanhou o final da frase e um revirar de olhos deu início a uma resposta. – É férias, ninguém quer ficar enfurnado aqui sem nada para fazer. Até mesmo o Adam tira a cara dos livros durante essa época! E os mais velhos trabalham ou sei lá, não quero imaginar o que mais eles fazem... – Karenina deixou a voz morrer, um dos braços estava erguido, apontando o segundo andar, como quem mostra do que está falando. Deixou o braço cair pesadamente ao lado do corpo, sentiu o calor que vinha da lareira. Jogou-se no sofá claro e puxou as pernas para cima, sentando-se como um índio. Olhou para a prima de cabelos negros e bateu calmamente no lugar ao seu lado. – Me diga, como foi seu passeio hoje? Comprou muita coisa? - Karenina mordiscou o lábio inferior e abriu um pelo sorriso maroto, ela sabia como eram chatas e cansativas as compras do material escolar.

Permitiu-se soltar uma baixa risada com o olhar de Cassidy. - Pelo menos pagaram um sorvete! - Falou bondosamente. Karenina encontrou-se perdida por breves momentos na conversa da prima. A garota tinha o habito de pensar muito rápido, Nina com todo esforço tentou entender. As rugas na testa da jovem subiram assim que a compreensão bateu na porta de seus miolos, Cass planejava um passei para um ponto turístico da Russia trouxa. Nina ficou animada, mas concentrou-se em responder ao questionamento da morena. - Foi ótimo! Vovô me deixou usar a coleção particular de pistolas dele e depois me fez limpá-las. - Conforme a frase terminava a animação na voz de Karenina também.

A corvina observou os movimentos da prima, assim que Cass ofereceu a ela uma parte da coberta, a garota enrolou-se no pano e continuou a contar sobre suas férias. - Vovó obrigou-me a participar de um seminário chato sobre bom comportamento, meus primos também estavam lá e meus tios, na verdade a família inteira apareceu. E então começou a invenção de histórias sobre o meu internato na Irlanda. - Karenina revirou os olhos assim que completou a frase, a pior parte de sua vida no mundo trouxa era que precisava, sempre, inventar ou modificar suas histórias. Nunca poderia dizer que era uma bruxa, assim foi com sua mãe e seria com ela. Seu avô era abismado com histórias de segurança e que seria melhor para todos se elas escondessem isso dos parentes, Nina não incomodava-se de não usar a varinha ou magia, mas incomodava ter que policiar-se em meio a uma conversa normal com seus primos trouxas.

Karenina perdeu-se olhando para os movimentos que alguns fios rebeldes de Cassidy faziam, piscou alguns vezes os orbes azuis antes de voltar para a realidade fria em que estava. Umedeceu os lábios. - Então, como passou as férias? - - Perguntou enquanto brincava com uma mecha de seu próprio cabelo entre os dedos.