[RP] You just gotta be strong

Tomei um café da manhã solitária, a chegada de Harriet na noite anterior já era sinal de que Alice não poderia me levar na estação Kings Cross. Tentava me consolar só de pensar que pelo menos tinha minha vó para estar comigo, nem chegava me iludir com a ideia de papai aparecer de surpresa, ele consegue ser mais ocupado que Alice. Tomei o resto do meu suco de maracujá quando a mulher de cabelos brancos desceu para tomar seu café. — Bom dia vovó, estou animada sim... — Falei corrigindo a mulher que perguntou de minhas feições cabisbaixa, aquela doida me conhecia muito bem.

Conversamos um pouco enquanto a mesma tomou um café quente, me contava como foi seu primeiro dia e o que sentiu quando o chapéu gritou sonserina, a medibruxa teve certeza que ele era totalmente biruta. Foi bem cômica e relaxante, me deixou bem mais tranquila em relação a futura casa que pertencerei. — Não quero perder o trem. — Disse apressando a mulher, não é costume de Harriet se atrasar e isso não poderia acontecer pela primeira vez justo hoje. Então entreguei ao motorista as minha malas e a gaiola aonde Bacon ainda dormia, uma boa coruja preguiçosa.

— Tome cuidado. — Ordenei ao homem que ficou um tanto abismado pelo fato de meu animal de estimação ser tão silvestre e atípico aos olhos trouxas. Ao chegar na estação a mulher dispensou os serviços do motorista e juntas seguimos em direção a plataforma 9¾. Chegou o momento de atravessar aquela parede pela primeira vez como aluna de magia, respirei fundo e olhei fixamente cada um daqueles tijolinhos. O braço de minha avó envolveu meus ombros e juntas passamos pela parede, em um piscar de olhos já estava do outro lado, com a maria fumaça a todo vapor. Muitas famílias, muitos alunos, cheguei a ficar um pouco tonta com tanta gente junta em um só lugar, apertei forte a mão da senhora e sorri animada.

Finalmente chegou a hora, me despedi da vovó com abraça apertado e um beijinho no rosto, — Eu te amo. — falei terminando de guardar o grande baú que levava. Então só fiquei com a minha mala pequena e minha coruja, poderia ter deixado a mesma junto dos demais animais alunos, porém estava preocupada com aquela sonolência toda. Então, adentrei no vagão com o pé direito, talvez eu seja um pouco supersticiosa. Apesar de ainda ter alguns minutos até a partida do expresso, havia alunos mais ansiosos que eu, todas as cabines pareciam ter ocupantes. Queria fazer amigos mas não fui com a cara de ninguém até o momento, fora que a maioria já parecia se conhecer há anos.

E no meio dessa procura acabei esbarrando com um rapaz simpático, ele logo reparou que Bacon é um serzinho muito sonolento. Soltei uma risadinha só de pensar na ideia que se precisasse dela alerta teria sérios problemas de segurança, — Até poderia dar a desculpa do fuso horário mas ela morava na loja de animais do beco diagonal. — disse em um tom mais despojado e cômico. Olhei uma das cabines que só tinha dois meninos, poderia sentar ali e tentar socializar, mas queria uma só pra mim e quem sabe para o rapaz observador de corujas.  — Está esperando alguém? Tem alguma cabine? — Perguntei curiosa, dependendo da sua resposta, saberíamos em breve se poderíamos ser amigos, já que arquitetava um plano na minha cabeça bem arriscado.

Um sorriso sacana se abriu entre meus lábios ao descobrir que se tratava de um andarilho atrás de cabine. Disfarçadamente dei mais uma olhada na cabine e ambos rapazes pareciam bem distraídos, — Segura a Bacon pra mim? Acho que agora ela vai acordar... — disse quase jogando a gaiola nos braços do rapaz. Então abri minha mala e peguei um dos kits de fogos que comprei na Gemialidades Weasley. Acendi dois foguetes e rapidamente joguei na cabine, os ocupantes estavam tão distraídos que só repararam quando as explosões começaram. Ambos ficaram bem assustados e saíram pulando de seus lugares, segurei minha risada até que os dois saíssem do vagão. Em meio a gargalhadas, puxei o rapaz para a cabine número dois e fechei a porta.

No meio da situação toda, a adrenalina subiu tanto que nem reparei que estava de mãos dadas com um estranho. Se não fosse seu movimento brusco, talvez ficasse mais alguns segundos sem perceber. — Sempre ouvi que precisamos lutar pelo o que queremos. — Disse tentando deixar de lado o fato da situação ser um pouco constrangedora, dificilmente lembraríamos disso daqui algumas semanas. O mesmo se apresentou e aquele momento tive a certeza que aquele relacionamento seria diferente, afinal, primeiro a gente se conhece e depois apronta algumas juntos e não o contrário.

— Olá Kurt, me chamo Pandora. — Me apresentei deixando os apertos de mãos pra lá, já que não era preciso mais constrangimento naquele metro quadrado. Me joguei sobre a poltrona de frente para o rapaz de olhos claros, de uma forma bem relaxada e confortável. Reza a lenda que a viagem é longa, logo é bom está preparada. — Você gosta de guloseimas? — Perguntei por motivos óbvios que não via a hora de comprar doces, e ouvi dizer que uma senhora sempre vende pelo expresso. — Adoro chocolate e por mais estranho que pareça, diabinhos de pimenta está na minha lista de favoritos. — Acabei falando um pouco sem pensar.

Senti uma pontinha de arrependimento por motivos dele já conhecer os meus gostos peculiares assim, poderia me julgar de forma erronia. Toda via, já aconteceu e não adianta nada chorar pelo leite derramado. — Minha mãe sempre controla o açúcar e a cafeina em minha dieta, quando estou longe de seus olhos aproveito pra comer tudo. — Expliquei dando uma certa risadinha, o ano letivo nem começou e eu já estou quebrando mais regras que toda a minha vida, finalmente uma herdeira livre. — Sou filha unica, ela gasta muita energia comigo... — Nunca senti um grande problema em não ter irmãos, mas agora indo estudar em Hogwarts, receio que Alice se sinta muito sozinha.

Claro que ninguém além de mim é perfeito e foi claro a certo preconceito do rapaz com os doces mais apimentados, duvido muito que já tenha experimentando mas isso irá mudar, pelo bem da humanidade vou propagar esse amor mal compreendido. — Fala sério!!! — Resmunguei em meio a uma risadinha, — Você nem experimentou, é muito bom. — proferi convicta que o mesmo poderia experimentar e não se arrependeria, até parecia que fosse dona da fabrica ou vendedora, fanatismo é uma loucura mesmo.

O garoto comentou que tinha um irmão bem mais velho, o que me fez pensar que ele na verdade se tratava de a temporão. Queria eu ter uma irmão mas devido que Alice entre na aventura de casar mais uma vez, nunca vi ela com ninguém e nem amigo. Talvez papai faça isso, toda via não seu como reagiria a um segundo casamento de qualquer um dos dois, com certeza minha reação não seria das melhores. — Não tenho primos, faz tempo que alguém de minha família pisou no castelo. — Falei explicando que nos dois estávamos no mesmo barco, felizmente já nos conhecíamos e talvez isso deixasse as coisas mais tranquilas para conhecer mais pessoas.

Finalmente o trem dava sinal de partida, olhando através do vidro, buscava o rosto conhecido de minha avó mas toda via é uma mulher muito ocupada e provavelmente já tomou seu rumo. — Você gosta de algum estilo musical? — Perguntei tentando puxar assunto, não pude deixar de notar que seu nome é igual ao do deus do rock e isso é muito legal pra ser verdade. — Convenci meu pai de comprar um violão pra mim mas gosto mesmo é de guitarra. — Comentei meio sem jeito, não é tipo de coisa que costumo falar mas me senti a vontade em tal momento. Com certeza o mesmo não me ouviria tocando ou cantando, acredito que ninguém tenha feito essa proeza até hoje.