[RP FECHADA] And I should eat you up and spit you right out.

O trabalho terminou

Os saltos finos batiam alegremente contra o piso branco, Mégara havia terminado seu dia de trabalho sem muitas complicações. Um bruxo psicótico aqui outro acolá, uma mulher deprimida e surtada, tudo como sempre! Estava na hora de voltar para casa e enfrentar seus problemas, uma casa cheia de ruivos delirantes e de pavio curto. Soltou o ar lentamente, cumprimentou respeitosamente a recepcionista do turno da noite e arrumou a capa sobre os ombros. – Doutora Majchrowska! Espere! – A mulher sorriu amargurada, virou-se sobre os calcanhares e manteve a postura séria. Os olhos claros analisando com cuidado a jovem médica a sua frente, uma prodigiosa jovem do setor de pediatria. – O que a senhorita deseja? – Perguntou, deixando claro que estava incomodada com a situação. A jovem a sua frente parecia não querer realmente incomodar a velha mulher, mas parecia realmente ser necessário. – Eu estou com uma garota na pediatria... Bem, eu preciso da ajuda da senhora! – O olhar parecia desesperado, Mégara por anos encontrou o mesmo olhar no espelho. Aquilo acontecia no inicio da carreira, encontrava pacientes impossíveis de lidar e precisava, mesmo a contragosto, pedir ajuda de alguém mais experiente. Majchrowska já havia cogitado a ideia de trabalhar com partos e a maternidade no geral, mas no final acabou preferindo a psiquiatria.


Fazia algum tempo que Majchrowska observava a garota de cabelos negros deitada sobre a maca, a jovem não falava, apenas encarava todos os médicos com um pavor imenso. Mégara achou a situação estranha no início, mas após notar a reação da garota toda vez que a mãe se aproximava, um estalo ocorreu na cabeça da Majchrowska mais velha. Aproximou-se da mulher baixinha que estava perto da maca, colocou a mão em suas costas acolhedoramente. – Precisamos fazer alguns exames na sua filha, a senhora poderia sair, só por alguns instantes? – Aquilo não era um ataque, surto ou qualquer outra coisa, era bem simples na verdade. A garota estava escondendo alguma coisa da mãe, só por isso fingia não conseguir falar, segurava-se desesperadamente aos lençóis e gritava quando qualquer um tentava chegar perto. Quando a porta da saleta bateu, a bruxa mais velha virou-se para a adolescente deitada na maca. – Pois bem, me conte o aconteceu. – Pronunciou. Sentando na cadeira ao lado da cama, as pernas cruzadas elegantemente enquanto o pé direito balançava no ar.

A garota encarou ela, a jovem médica parecia não entender muito bem o que acontecia. Mégara revirou os olhos e colocou uma mecha de cabelo ruivo atrás da orelha. – Isso não é nada psicológico, ela está escondendo alguma coisa da mãe e não queria contar... – Falou como se fosse óbvio. Os olhos claros carregados de um tédio enorme.  – Você está grávida? É isso? – Olhou para a garota com impaciência, ela parecia apavorada com a ideia e pronunciou-se mais rápido do que a bruxa poderia esperar. – Não! Eu... eu... – Mégara gesticulou com as mãos, incentivando a jovem a falar. – Eu usei uma droga trouxa, só isso! – O rancor era papável no rosto da bruxa, ela mordeu a parte interna da bochecha e encarou a garota. – Óbvio! Esses trouxas e suas drogas, sinceramente isso está passando dos limites! – Ela levantou, pegou sua prancheta sobre a mesinha lateral e observou a garota com cuidado. – Cuide bem o que você usa por ai! Mas não se preocupe, você ficará bem e tenho certeza que a minha colega manterá sigilo sobre o seu pequenino imprevisto... – Falou dando uma piscadela. Caminhou até a médica mais nova, parando ao seu lado. – Fale com alguém do setor de intoxicações, eles poderão ajudar! – Por mais ranzinza que Mégara pareça, ela era uma pessoa muito boa. Deu um sorriso amigável e um baixo boa noite para a garota, saindo da sala com calma. Por sorte não encontrou a mãe da adolescente ali, então saiu em direção ao seu setor.


Majchrowska foi rápida em recolher suas coisas e livrar-se do jaleco verde claro. Não escondeu a felicidade em ver as lareiras discretas do hospital, entrou na primeira lareira que encontrou vaga e, com uma boa quantidade de pó de flu na mão destra, pronunciou claramente o endereço de sua casa. Rapidamente foi engolida pelas chamas verdes e desapareceu do seu local de trabalho.