[RP FECHADA +18] Elastic Heart

Já ouviu falar na velha história de "um longo dia de trabalho"? Pois é... Desde que fomos àquela pizzaria, enfiei minha cara no trabalho, esqueci tudo o que pudesse me lembrar do que aconteceu e passei a agir como se nada tivesse acontecido. Me lembro vagamente de chegar em casa, mas me lembro perfeitamente do beijo. A cena fica passando pela minha cabeça a cada segundo em que paro um pouco, logo, eu não paro e, consequentemente, estou acabada. Depois de cinco dias de dedicação forçada, estou com trabalho mais do que adiantado, então voltei bem mais cedo do trabalho, precisava de um tempo. Não deveria haver ninguém em casa, mas, para minha surpresa, a porta do quarto estava entreaberta. 
Aalyah estava deitada no colchão, definitivamente chorando, o que era um tanto quanto agoniante de ver. Acho que é a primeira vez que vejo, na verdade. Não vou mentir, estou na dúvida entre entrar e consola-lá, entrar como quem não viu nada ou sentar ali na sala e fingir que não estou aqui. Pensando bem, ela não espalhou pro mundo a minha surtada básica naquele dia, então decido entrar como quem não viu nada e nem vai ver. Precisava mesmo falar com ela. 
-Chegou mais cedo hoje? Resolvi largar tudo por lá pra descansar um pouco, estou morta! - Assim que passei pela porta, desembestei a falar como uma adolescente. Isso daria um tempo pra ela limpar a derrota do rosto antes que terminasse de acabar com meu psicológico. Retirei os saltos e o vestido, entrando no closet. Vesti uma camiseta confortável, um bom shorts e voltei. - O que houve com o seu cabelo, cansou do penteado? Se permite um comentário, isso não é bem o que eu definiria como "a sua cara". 
Me jogo na cama e deixo um longo suspiro me escapar. 
-Como é bom estar deitada... Sabe, é bom que esteja aqui e que estejamos sós. Preciso mesmo falar com você.

-Conjuntivite? Que coisa, hein?
Acho que ela se esquece que, apesar de ser uma boa mentirosa, essa desculpa faz mais o estilo do meu repertório. Giro na cama, deitando com a cabeça apoiada nos braços, e a encaro. Não vou mentir. Eu não sei lidar com sentimentos conflitantes. Um lado de mim não quer que nada próximo do último acontecimento se repita, mas o outro lado... Melhor nem falar nele. 
-Vem cá, tem um esteriótipo para ter ou ser Aalyah que eu não estou sabendo?Já me fala que eu coloco em prática bem rápido. E o que quer comigo? Não estou em um dia bom! 
Respirei fundo, juntando os caquinhos do meu corpo exausto e me sento do lado dela no colchão. Estou contrariada? Estou, mas eu não sou uma insensível também. Tenho certeza que nunca a vi assim e não sei como lidar com isso.
A puxei pro meu colo, recostando o meu corpo no travesseiro. Permaneci parada por um tempo, sem saber o que fazer e acho que vi um pouco de confusão nos olhos dela também. Para ser honesta, não sabia o que fazer em seguida. 
-Sem esteriótipos, é só que você é um poço de personalidade e esse cabelo não reflete isso. - Murmurei, afastando os fios de seu rosto. - Eu vim em paz, bruxa. Pode recuar a cavalaria. - Brinquei, pondo as mãos para cima por um segundo. - Eu andei pensando e acho que a gente pode, sei lá... tentar ser amigas? Não quero mais ter que conviver com esse climão, sabe? Nós nos conhecemos desde sempre, afinal. Ninguém te conhece melhor do que eu e vice-versa... Sei lá... 

Aalyah engata em um choro longo, dolorido no meu colo e resolvo deixar aquilo passar. Talvez ela só precisasse esvaziar uma vida inteira embaixo dessa pose de marrenta, talvez... Eu a abraço e deixo minha cabeça pender sobre a dela, como ela fazia comigo nos tempos de escola. Viajo pra longe, nas memórias felizes de um passado que hoje eu tanto quero ser capaz de esquecer. Eu adoraria entender como e porque terminamos assim, mas acho que não me cabe mais este privilégio. 
Só depois de se recompor é que Aalyah me responde, puxando de novo o chão sob os meus pés. Acho que essa é a habilidade dela: me derrubar dia após dia da minha zona de conforto emocional. 
-Eu adoraria ser sua amiga! Você me conhece, eu te conheço, nós nos entendemos na maior parte do tempo. E eu amo você. 
Nossos rostos estavam próximos demais, podia sentir sua respiração dali. Me peguei hipnotizada por ela de novo. Eu não ia deixar aquilo acontecer de novo, não mesmo! Ela pensa o quê? Que é só sumir por um ano e voltar como se nada tivesse acontecido? Não mesmo, senhorita! 
Me viro para alcançar o maço de cigarro caído na lateral do colchão e acendo um pra cada. Penso bem no que pretendo dizer e tento olhar nos olhos de Aalyah sem transparecer nada, mas tenho a sensação de ter falhado. 
- Sobre o que aconteceu... Aalyah, você não pode... não pode brincar assim... - Me dou conta do que estou fazendo e me calo, dando outra tragada. - Esquece. - Me levanto e busco um papel em branco. - Você... pode desenhar aquele símbolo pra mim de novo? 
Eu poderia ter arrumado uma desculpa mais esfarrapada pra mudar de assunto? Talvez, com um par a mais de neurônios. Rezo pra que ela compre a ideia enquanto encaro um ponto fixo na parede. 

Ponto pra mim! Ou é o que parece. Penso em uma desculpa para querer o desenho enquanto ela termina, mas não consigo pensar em nada muito convincente. 
-Na verdade, tirei uma "folga" disso, mas não deixei de lado. Definitivamente não, só acho que preciso de um tempo pra por meu emoci... minha vida, pra por minha vida em ordem.  E é lógico que estou, mas pra ser honesta, não acho que engane ninguém. E você não vai fofocar nada pra ninguém, até porque estou oficialmente pedindo sua ajuda. Pra depois. Depois que por... minha vida em ordem. 
Meu Deus, eu preciso aprender a mentir decentemente. Será que tem algum tipo de grupo de apoio para péssimos mentirosos, do tipo que tenha aulas de atuação? Eu posso estar louca, mas tem um sorriso irônico se formando na boca dela em algum lugar atrás dessa cara de "você não vai se meter nisso sozinha". Ela entendeu muito bem o motivo da minha pausa e isso não me agrada. 
Joguei o que restava do cigarro fora e acendi outro. Estava nervosa. O problema é que nervosismo e eu somos uma combinação trágica. Acendi a ponta do cigarro e a ponta dos dedos junto. Saio praguejando pro banheiro e enfio minhas mãos embaixo da água, retornando em seguida, com o cigarro pendendo na boca. 
-Não precisa nem pensar em rir da minha cara, bonitinha. Não teve graça.- Retruco, me sentando na cama.

Aalyah inventou de dar uma de doutora e desembestou a fazer feitiços e passar mais coisas do que eu era capaz de processar nos dois dedos queimados.
-Aff, é só uma queimadura, por merlim! Quanto exagero! Não vai cair o dedo não!
A verdade é que eu tenho uma boa resistência, porque alguém no meu lugar já estaria reclamando de dor. 
-Me dê essa mão aqui, caramba, para que servem os amigos?
Porque é que aquela frase tinha que soar tão deslocada? Acho que depois de tantos anos juntas, a amizade será um desafio pior do que a inimizade. 
Depois de todo o drama dos dedos queimados, sou sentada na cama como uma criança de castigo. Fala sério, tem coisa que só pode acontecer comigo. Se ela espere que eu fique sentada aqui, ela se enganou. 
-Nem vem me botar de castigo, queimei o dedo, não o corpo todo. - Retruquei, tragando o cigarro assassino enquanto me sentava no chão, encostada na porta do closet, de frente pra ela. 
-Ni, seguinte...Assim, tudo o que você sabe é sobre o símbolo e o que eu te contei, certo?
-Praticamente, já que você interrompeu meu segundo dia de buscas pelo meio e já que agora preciso urgentemente de uma folga curta desse assunto. Quanto a "QUER MORRER SUA MALUCA???", eu não sou tão retardada quanto você costuma pensar, bonitinha. - Me jogo sobre a cama, colocando os pés na cabeceira e sopro a fumaça do cigarro pro lado dela. - Maaas, você não vai saber de mais do que o necessário e a minha estratégia não está na sua lista. Só quero que me ajude a saber o máximo impossível com relação a esse bando de malucos antes de eu voltar pra lá. O que quer dizer que eu concordo com a ideia da biblioteca. E eu não esqueci o seu amado. Ele está lá fora, no depósito, porque eu não ia colocar aquele troço poeirento aqui dentro pra você riscar meu chão todinho com ele. 
Mando um beijinho sobre os ombros enquanto jogo fora o que restou do cigarro. Penso em pegar mais um, mas acho que já seria deixar claro demais meu nervosismo. Corro até a cozinha e volto com um pacote de doces. Estendo o pacote para lhe oferecer alguns.
-Mais alguma pauta pra essa discussão, moça? Porque eu estava planejando ficar bêbada e largada, bem aí nessa cama. 

 -E nem reclame de meu skate, foi presente seu.
-Até foi, mas uma água com sabão faria bem, sabe? Se bem me lembro, ele já teve cor um dia, cabeluda. -Comento, jogando um travesseiro na cara dela. 
O problema de brincar com Aalyah é que, até nisso, ela leva a vitória ainda mais a sério do que eu. Eu simplesmente não era capaz de parar de rir.
-Pede penico antes que faça xixi nas calças! Pede, pede!
-Aalyah, para com isso, criatura! Aalyah!
Gritei, pedi, me contorci e nada dela parar. Tentei correr pra fora da cama, mas ela me puxou de volta pela cintura. Não teria outro jeito, era aceitar a derrota. 
-PENICO, pronto, para! Sua maluca!
Concordo com a ideia dela de começarmos amanhã com a cabeça. Precisava do máximo de informação possível. Pretendia partir em uma semana e não queria estar desprevenida. 
-Ah, antes que eu me esqueça, obrigada por deixar meu dia melhor, Ni! Obrigada de verdade mesmo. 
Abro um sorriso escancarado e disfarço em seguida, totalmente desconcertada, fazendo um sinal com as mãos. - Não há de quê...- Ela finalmente dá um jeito naquele cabelo estranho e sou obrigada a sorrir em gratidão. Era como falar com um estranho no meu próprio quarto. 
-Tranca a porta, por favor, abre o closet. Na caixa preta com a faixa "trabalho", embaixo dos papéis. Que é? Beber é trabalho, sabia não? -Brinco, vendo seu olhar irônico pra mim. 

Abro um sorriso sarcástico para Aalyah. -Olha, eu aceito ser chamada de bêbada, mas podre é abuso, viu? Eu só sou uma pessoa criativa. - Afirmo, pegando uma garrafa de vodca e abrindo rapidamente. Sorvi dois goles e voltei à minha posição inicial, de pés para cima, recostados na cabeceira da cama. Enchi a mão de balas de goma, mastigando uma após a outra. 
Pego o cigarro de Aalyah e agradeço com um sorriso discreto, bebendo mais um pouco. Vodka, um bom cigarro, música e um poço de doces. Tudo o que eu poderia querer pra relaxar. 
-Está faltando alguma coisa... - Está? Faço uma checagem mental e não me vem nada na cabeça. 
-Amendoim! - Deixo escapar uma gargalhada com a ideia de uma festa começando e abro o pacotinho de castanhas. Pensando bem, castanhas são tão boas pra eu desperdiçar com bebida... Pego algumas com a mão e jogo na boca, guardo o restante pra ressaca. 
Vejo Aalyah se sentar no colchão e faço sinal para ela vir se sentar comigo. - Eu não mordo, até onde eu sei. - Retruco, dando-lhe a língua ao ver sua sobrancelha arquear. Viro alguns goles goela abaixo e sinto o arrependimento tão rápido quanto minha vista fica turva. Olho bem pra a garrafa, estava perto da metade. Já?!
Dou uma tragada no cigarro e sopro a fumaça pra cima. - Posso fazer uma pergunta? - Não espero pela resposta. - Como me encontrou? A verdade, nada de "te procuro faz tempo", porque isso não é resposta. 

Conforme Aalyah contava sua história, minha garrafa foi secando. Não preciso dizer que já não tomo decisões racionais depois de tanto álcool em tão pouco tempo. Como um pouco dos amendoins e alguns doces antes de terminar com o cigarro também. 
-Quer mesmo me fazer essa oferta? - Pergunto, com um sorriso levemente maligno no rosto. - Sorte sua que a única coisa nos meus planos agora é entrar em coma alcoólico. - Brinco, esticando a cabeça até encostar nas suas pernas. - Tenho uma pergunta crucial. - Faço um suspense por alguns segundos. - Cadê a outra garrafa? - Vasculho a cama e acho a garrafa embaixo do saco de doces. Tomo vários goles, até que o ardor da bebida se torna incômodo. -Tá... Ah, é! Naquele dia, você não me beijou por causa do disfarce, não é? - Eita, acho que eu não quero saber a resposta disso. E com isso as crianças aprendem a não beber rápido demais... 
Estou pronta para anular a pergunta quando a música troca para Chasing Cars. Eu congelo por alguns segundos, mas logo me esqueço do porque e fico ali, deitada, encarando Aalyah. 

"Você me beijou de volta, não foi?" A pergunta ecoou na minha cabeça e acabei respondendo sem pensar. -Uhum...- Tomei mais alguns goles de vodka e procurei pelo pouco de dignidade que eu ainda deveria ter, mas percebi que já não existia. -Foi... só uma... um...
Eu adoraria acreditar que foi só um beijo, só uma recaída, um deslize rápido, mas a verdade é que não foi e no fundo eu sabia disso. Viro o máximo que consigo da garrafa e como alguns amendoins para tentar aliviar a queimação na garganta. A música, o álcool e o clima estão me deixando confusa demais para ser racional. 
-O fato de que eu te amo não muda o que aconteceu e não muda o que eu disse! - retruco, como uma criança que se mete em problemas. Quando me dou conta do que eu disse, me levanto o mais rápido quanto é possível depois de quase duas garrafas de vodka e desligo a música. Fico parada, encarando o aparelho, petrificada. 

Aalyah me coloca de frente pra ela e meu sangue gela. Nada bom vinha depois disso. Respiro fundo e abro os olhos, fico ali a encarando, sem coragem pra falar qualquer coisa. 
-Agora, se me dá licença, eu vou dormir, porque eu estou ao lado da mulher que eu amo e ela me ama também, mas ela é marreta demais para perdoar alguém, então eu não posso fazer nada. Boa noite! 
Se eu não estivesse tão bêbada, talvez tivesse evitado levar esse tapa de realidade na cara ou teria a decência de continuar calada, mas não, acabo armando um circo. Eu sabia que ser amiga dela seria mais difícil do que odiá-la. 
-VOCÊ NÃO MANDOU PORCARIA NENHUMA E SABE DISSO! - Arranquei o cobertor de cima dela e joguei longe. - VOCÊ ACHA QUE EU SERIA PERTURBADA O SUFICIENTE PRA FICAR TE PROCURANDO FEITO UMA IMBECIL, ESPERANDO FEITO IDIOTA VOCÊ VOLTAR UM DIA SE EU JÁ SOUBESSE QUE VOCÊ SIMPLESMENTE TINHA DECIDIDO ME DAR UM PÉ NA BUNDA PRA FICAR COM O SEU PAI?! - Uma lágrima escorreu dos meus olhos. Naquele momento, minhas emoções e ações estavam totalmente fora do meu controle e a única coisa que eu consegui fazer foi vomitar tudo o que ainda não tinha sido dito.  Meu coração está prestes a explodir de raiva, minhas mãos estão frias e se não estivesse tão ocupada surtando, já estaria arrependida de beber tanto. - AÍ AGORA VOCÊ QUER VOLTAR, COMO QUEM NÃO JOGOU UM RELACIONAMENTO NO LIXO SEM PENSAR NO OUTRO LADO, JUSTO QUANDO EU DESISTI DE ACHAR QUE VOCÊ IA VOLTAR E VIR COM ESSE PAPINHO DE "EU TE AMO"??? SE VOCÊ ME AMASSE NÃO TINHA ME DEIXADO PLANTADA, SEM SATISFAÇÕES! - Jogo tudo o que encontro pela frente em cima dela, mas minha visão está muito turva para realmente acertar alguma coisa. 

-MANDOU COISÍSSIMA NENHUMA, NE-NHU-MA! PARA DE AGIR COMO SE EU FOSSE UMA IDIOTA, PORQUE SE EU TIVESSE RECEBIDO ALGUMA COISA A GENTE NÃO TAVA NESSA MERDA DE DISCUSSÃO IDIOTA! - Eu continuava jogando tudo o que encontrava pela frente. A essa altura, os travesseiros, cobertores, roupas, livros e tudo o que tinha sobre a cama estavam espalhados no chão. - VOLTAR PRA BUSCAR... SÓ SE FOSSE PRA BUSCAR O CAPETA! VOCÊ PRETENDIA O QUE? ME LARGAR UM ANO NA GELADEIRA, DE RESERVA, CASO NÃO ACHASSE COISA MELHOR E AGORA VOLTAR COM ESSA CARA DE CACHORRO DE RUA COM O RABO ENTRE AS PERNAS? - Pego um par de botas no chão e jogo contra ela. Dessa vez eu acertei em cheio. Dei um grito de raiva e fui até ela, mas ela corre para o banheiro e se veste. -VIU SÓ NO QUE DÁ MENTIR PRA MIM DESSE JEITO? SABE O QUE É ISSO? KARMA! É A PORCARIA DO KARMA!- Ela sai do quarto e volta com o skate na mão. Não consigo escutar uma palavra do que ela disse, estou simplesmente perdida em um ataque de nervos com o qual não sei lidar. Assim que tenta sair pela porta, Barney aparece, destrambelhado e protetor como sempre, babando e rosnando até que ela entrou de volta pela porta. Ele costumava ser nosso, mas virou um bom defensor depois que ela partiu. -BARNEY, SAI! VAI PRA SUA CASA! - Minhas mãos estão tremendo e minha cabeça parece que vai explodir a qualquer segundo, literalmente. Faço um movimento com a mão e o aparelho de som se estilhaça na parede. -VAI, SE ESCONDE EMBAIXO DAS SUAS DESCULPAS. SUMIR É SUA ESPECIALIDADE MESMO!- Grito, sentindo meu rosto se aquecendo com as lágrimas. 

-Ei, ei...psiuuu, calma... calma...Vem comigo, vamos sentar na cama, vem. Vai ficar tudo bem. Você vai acabar se machucando. 
Continuei gritando por um tempo, totalmente fora de controle. Só não quebrei o resto do quarto porque Aalyah me prendeu em seus braços, mas foram longos minutos até que eu cedesse, deixando minha cabeça pender, cansada, pra trás, sobre seus ombros. 
Fiquei ali, totalmente paralisada, sem energia para fazer qualquer coisa enquanto meu nível de adrenalina caia de um despenhadeiro. Não entendi como e quando perdi o controle daquele jeito, mas de um certo modo, acho que precisava extravasar a raiva que tinha guardado. Me deixei ser sentada na cama e encarei Aalyah, sem dizer uma palavra sequer.