The Marauder's Map
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[RP ATEMPORAL/FECHADA] Who make u cry, sister? Daddy or I?

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Mensagem por Lars Mikhail Sáb Mar 09, 2019 4:13 am
Who make u cry, sister? Daddy or I?
__________________________________________________
[RP ATEMPORAL/FECHADA] Entre Lars Mikhail e Eva Mikhail.
Local: Mansão Mikhail, Durham.
Dia/Horário: O dia não importa. O horário? Uma e trinta e sete da madrugada.
Clima: Chuvoso e frio.
Descrição: A mansão ancestral do ramo Inglês da família Mikhail, havia emitido um comunicado a todos seus membros: Joshua Mikhail está morto. Eva havia enviado essa mensagem, e é a única coisa que trás de volta o primogênito da família.
Lars Mikhail
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Mensagem por Eva Mikhail Sáb Mar 09, 2019 4:52 am
when a dragon flies,i'm free
Eva ficou de pé na frente da mesa um pouco inquieta, batendo o pé contra o chão de forma firme e tão rápido que sua mente as vezes achava que não iria dar conta. Ela não sabia o que tinha de errado, mas algo definitivamente estava fora do lugar. Talvez fosse algo com sua irmã? Achava difícil. Ambas tinham 28 anos, e por mais que seus empregos fossem um tanto quanto complicados, elas eram Mikhail, e não se deixariam abater tão facilmente. Além do mais, como diriam os trouxas: "notícia ruim chega logo". Se algo tivesse acontecido com a gêmea, ela definitivamente saberia. Mordendo o interior da bochecha, a loira olhou um pouco irritadissa ao redor. Pogo não tinha aparecido, tão pouco seu pai, o que era estranho. Joshua sempre foi conhecido por sua pontualidade exagerada, e definitivamente não deixaria a filha esperando para tomar café. Será que estava doente? Um pequeno sorriso se abriu nos lábios da mais nova, que riu do pensamento. Nem mesmo uma doença era louca de atacar Joshua Mikhail.

Senhorita Eva? — a voz de Pogo soou pelo cômodo, incomodada e um tanto grossa, como se estivesse embargada. Ao se virar para olhar o elfo doméstico, percebeu que os grandes olhos castanho amendoados estavam vermelhos, como se estivesse a noites sem dormir ou simplesmente segurasse o choro. Se era de felicidade ou tristeza, Eva não sabia dizer. Erguendo uma sobrancelha, Mikhail endireitou a postura, percebendo que algo realmente grave tinha acontecido. Pogo sempre tratou as gêmeas de forma carinhosa e brincalhona, fazendo algumas piadas ou simplesmente cuidando delas. Ele já era velho, e tinha visto todos os 5 filhos de Joshua crescerem, e 3 deles irem embora. Apenas Sasha e Eva ficaram com o pai, mesmo com todos os seus inúmeros defeitos. — O que acontece? — seu sorriso se desfez, já prevendo que algo tinha acontecido com a gêmea.

Seu pai... Ele... — o elfo engoliu em seco, como se fosse doloroso dizer aquelas palavras. O coração de Eva acelerou tão rápido que precisa um instante achou que iria estourar. A preocupação se tornou evidente nos olhos castanhos da cavaleira, que nem mesmo esperou Pogo formular a frase para disparar como um pomo de ouro escada acima, entrando de supetão no quarto do patriarca da família. Ele estava deitado de lado, completamente relaxado e inocente. Tão pleno que a Mikhail se perguntou se já tinha visto seu pai tão sereno. Em parte, seu coração disse que estava tudo bem, ele provavelmente tinha apenas perdido a hora! Mas seu peitoral não se expandia ao respirar, e a pele tinha ficado com uma cor cinza que não era saudável.

Seus pés se arrastaram até a cama, por mais que quisessem mesmo era disparar para longe. A boca de Eva tinha ficado seca, sua língua parecia lixa na boca. Estendeu a mão para tocar a mão do pai, que estava descoberta e encontrou apenas a frieza mórbida de um corpo sem vida, que fez um arrepio percorrer seu corpo. Dando vários passos para trás, acabou por se bater no criado mudo, que balançou mas não caiu, derrubando um porta retrato que se espatifou no chão com um sonoro "creck". Sua respiração ameaçava a falhar, as mais começavam a tremer, mas ela ainda sim se abaixou para pegar a foto, cortando alguns dedos com os cacos de vidro. O sangue vermelho escuro apareceu em sua visão, fazendo seu estômago revirar. Não que ela tivesse medo de sangue ou algo assim, mas a visão de algo tão relacionado a morte fez pontos pretos dançarem em sua visão, o que quase a fez cair sentada.

Pogo entrou no quarto logo após isso, arquejando de forma estrangulada ao ver sangue nas mãos da loira. Se aproximou dela, tomando a foto dos pais, que, por incrível que pareça, se olhavam de forma apaixonada ainda jovens. Usando um feitiço qualquer, curou os cortes superficiais de Eva, e então a puxou para uma cadeira esperando alguma reação da mulher, que tentava entender como se sentia com a morte do pai. Alegria? Liberdade? Tristeza? Alívio? Era difícil dizer. Nunca foi boa em interpretar as próprias emoções, fora o desejo irreal de proteger os irmãos mais velhos e mais novos. Talvez fosse um ataque de filha do meio, mas sempre pregou a paz tanto para o pai tanto aos irmãos, tentando fazendo ambos os lados se entenderem.

Obviamente isso nunca deu certo.

Ainda sim, Mikhail estava em estado de choque. Aquilo poderia ser um teste de seu pai para ver como ela se sairia ao encarar a morte do velho, sim, claro que poderia. É, deveria ser isso. Apenas uma brincadeira de mau gosto de seu pai. Mas o olhar de Pogo lhe dizia que não era tão simples. Como que lendo seus pensamentos, ele caminhou apontou para uma das cortinas que tinha no quarto dos pais, que se abriu, revelando um relógio trouxa. De imediato, não entendeu porque seu pai teria um objeto tão insignificante quanto um relógio, mas ao prestar atenção, percebeu que havia uma foto de cada membro da família: ela, Sasha, Ardath, Wilhelmina e Lars, além de uma dele. Todos tinham a aparência de quando eram crianças, como se o pai quisesse manter a inocência da infância, quando ele podia controla-los com ameaças e surras.

A cavaleira acabou por se levantar com as pernas trêmulas, caminhando até o relógio. Cada foto de membro ficava na ponta de uma réplica de varinha. Não. De uma varinha de verdade. Ela conhecia todas as seis da coleção pessoal de seu pai: cada uma era de um bruxo que tinha assassinado com as próprias mãos. Aquilo antigamente era motivo de orgulho da menina, mas observando o mundo hoje, aquela emoção tinha se extinto. As seis varinhas apenas representavam seis pessoas mortas; seis família que choraram pela morte de seus membros como Eva e Sasha fariam agora por seu pai. De primeira, a loira não entendeu porque Pogo estava lhe mostrando aquilo. Seria para mostrar que o pai se importava? Dificilmente seria por isso. Foi então que se deu conta de que o ponteiro do pai estava parado onde correspondia ao 12 do relógio normal: morto. Foi com essa última, que Eva percebeu que seu pai de fato se fora, não era nenhum teste.

[...]


Depois de meia hora chorando sem intervalo, Mikhail interrompeu a se própria para raciocinar. A dor em seu peito apenas crescia, e o elfo simplesmente não era o melhor para consolar alguém. Limpando as lágrimas, Eva bateu no próprio rosto algumas vezes sem muita força, decidida a voltar a razão: aquele homem criara seus filhos como escravos, não merecia lágrimas! Mas seu coração dizia o contrário. Aquele homem era um bastardo!, lembrou a si mesma, respirando fundo para confirmar as lágrimas. Mas era o meu bastardo, respondeu a si mesma, escondendo o rosto entre as mãos. Com a ajuda de Pogo, acabou por se acalmar o suficiente com o feitiço da anestesia, encarando o relógio, que agora estava pendurado na sala. Observava seus irmãos, que iam trabalhar, viajam e ficavam em suas casas, mas fora Sasha, todos estavam bem. Algumas vezes o ponteiro da gêmea ia para "perigo", mas logo voltava para "trabalho", indicando que ela estava bem.

Como contaria aquilo a irmã? Pior ainda: como contaria aos quatro irmãos? Eles precisavam saber, mas Eva duvidava que se importassem o suficiente para virem prestar condolências. Ou melhor, como contaria a eles se eles não os atualizava de suas vidas? A loira agradecia a Merlin por ter tido a brilhante ideia de perseguir seus irmãos um a um até descobrir onde cada um estava, até mesmo Lars, o mais velho, que estava sumindo a um bom tempo desde a morte da esposa e filha. A cavaleira de sentia mal pelo irmão, que enfrentara o luto, e ela nem mesmo pode abraça-lo, já que ele sumiu logo após. Agradecia também por ser uma animaga, o que tinha ajudado bastante em sua busca sigilosa. Graças aos deuses o Ministério não sabia de sua habilidade, cuja qual tinha desenvolvido aos 17, no mesmo ano em que a mais nova, Ardath, tinha sido enviada a Rússia. Mas ainda sim, como faria aquilo? Sasha era uma das mais emotivas dos cinco, e como estava trabalhando, não queria deixar seu desempenho ruim. Esperar e ficar angustiada até ela voltar, apenas se mantendo sã a base de sedativos? Péssima ideia.

Sabe, senhorita Eva, seus irmãos precisam saber — ela odiava quando Pogo a olhava com aqueles grandes olhos castanhos, como se fosse uma versão sabia e tenra de seu pai — Porque não informa primeiro ao senhor Lars? Ele é o mais velho, e será o líder dessa família a partir de hoje. Deixe que ele assuma o controle da situação — e após dizer isso, deu tapinhas carinhosos na mão da Mikhail, que acabou concordando. Pegando sua varinha, transfigurou um pergaminho e uma pena e tinta de seu quarto, apontando a varinha para a pena — Currente Calamo — murmurou rapidamente, o que fez a pena ficar em pé e pronta para escrever assim que Eva falasse.

Querido Lars, é com pesar que escrevo essa carta. Não vou me enrolar ou coisa assim, você sabe o quanto eu odeio. Nosso pai aparentemente morreu no meio da noite de causas naturais, você é a primeira pessoa a quem estou contando isso. Descobri seu endereço por meio de alguns contatos, então não estranhe, por favor. Peço que volte para casa, preciso de você, e Sasha também vai precisar quando souber. Sinto sua falta, de verdade. Com amor, Eva Mikhail. — quando terminou, repetiu o processo mais duas vezes e então apontou novamente a varinha para a pena e fez um corte pequeno na horizontal, fazendo a pena cair delicadamente ao lado do pergaminho. Assim que a tinta secou, pingou um pouco de cera no canto do pergaminho e pressionou o anel que tinha desde que era uma criança, que um dia pertencera a sua mãe, que continha o brasão da família. Ao terminar, instruiu Pogo sobre a localização dos três filhos independentes de Johua, e o mandou até lá. Apenas o elfo seria confiável o suficiente.
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Mensagem por Lars Mikhail Seg Mar 11, 2019 2:52 am


Com amor, Eva Mikhail.

Pra ti, Perdão.


Com dor, Lars Mikhail.

Fazia anos desde que começou suas aventuras com Helena. E lá estavam eles, em Moscow. A ruiva dormia em seu lado, enquanto Lars lia uma carta escrita por Eva, apenas de box em uma varanda fria. Seu corpo tremia e soltava a fumaça da temperatura quente que tinha na cama.  Provavelmente estaria resfriado em breve, ou... Não.

O motivo de ir até ali, era para que seus olhos pudessem sentir claramente quando as lágriams rolaram. Eram quentes e salgadas, como qualquer outra. Pesavam toneladas. De lembranças. De dor. De alivio. De tristeza. De alegria. Céus.

Joshua morreu.

Naquela noite Helena sequer ouviria Lars. Não é atoa que ele era o líder do ramo da Inglaterra, agora. Foi caminhando na rua, de sobretudo fechado, varinha no bolso, face abaixada e pensamentos confusos, que invadiu um beco e então, aparatou. Pogo já havia partido a um bom tempo.

-

Já teria pelo menos uma hora da chegada de Pogo, e a mansão estaria estranhamente silenciosa, quando Lars desaparatou frente a porta principal. Lá estava ele. Tantos anos depois. O rosto não tinha mais marcas de lágrimas no rosto, apesar da expressão fixa e neutra encarar a porta quase como alguém que encara um prato de comida sem sabor ou cheiro.

”Com amor, Eva Mikhail.”

Com amor.

E a mão girou a maçaneta. Assim que entrou, seus sapatos sociais de cano longo soaram imediatamente o som da passada do Mikhail internamente. A porta se fechou, e Pogo apartou bem ao lado do mestre dos Mikhail. Entre a ele foi: Uma maleta e o sobretudo preto de Lars, que por baixo vestia uma calça preta de sarja e uma camiseta branca. ”Bem-vindo ao lar mestre.”  ———— Obrigado, Pogo. Aonde ela está? ———— ” Deve fazer trinta minutos que está na casa de banho, senhor. “ ———— Prepare chocolate quente com marshmellow, por favor, Pogo. Leve para nós, e depois, vá descansar. Já trabalhou demais por hoje. ————

” Sim, mestre Mikhail... “

Mestre Mikhail. O titulo de seu pai, dito para si. Aquilo o arrepiou. Mas enfim. Tinha uma loirinha precisando dele, e isso o acalentava mais do que conseguia imaginar. Eva... Céus. Eva. Deveria ser uma mulher linda, e uma bruxa fantástica, para ter o localizado sem ele sequer imaginar. “Contatos”. Riu, guturalmente, e avançou.

[...]

Quando já estava os primeiros passos na casa de banho, era apenas o som da pele dos pés de Lars. Era um homem alto, o corpo totalmente desenhado em músculos e liso, como Joshua ensinou que deveria ser. Exceto por uma parte: A púbis ostentava fios dourados, como os cabelos.  Mas até mesmo a virilha de Lars, havia marca de chicote. De rasgo. Seu abdômen ostentava ainda a linha branca de um golpe que tomou de Joshua por Eva, que já havia apanhado tanto pelas irmãs que mal reagia as pancadas.

Céus. Sofreram tanto, e agora que o diabo partiu, pareciam tristes. Deveria estar abrindo alguma garrafa de vinho. ———— Ahn... Espero que a água não esteja fervendo. ———— É. Anos sem se ver. E a preocupação, certamente, é a água fervendo. Lars desceu na outra extremidade. Dava pé no solo ao ponto de metade de seu abdômen ficar para fora, mas relaxou levemente na água.

De um lado, o novo patriarca. Do outro. A mais promissora a liderança do que até mesmo o perigoso Mikhail. O silêncio era intenso, até que Pogo surgiu, deixando uma caneca e um pequeno pires com os doces em cima, para cada um dos mestres, e se foi.  Foi só então que a voz de Lars alçou. ———— Eva, eu... Eu sinto muito. ———— Havia uma profundidade amargurada ali. Tamanha, que a voz grave saiu quase falhada. Era longe demais para a Mikhail enxergar os olhos a brigarem com as lágrimas que desciam, mas... Era isso. Lars chorava. Chorava por ter ferido a irmã, por ter tido um péssimo pai, por ter que assumir o cargo do pai. Por ter perdido a esposa e a filha. Céus, por ter buscado a vingança delas e ocultar isso das irmãs.

Chorava pelo vazio que ficava. Chorava pelas lembranças boas, apesar de poucas, que teve com Joshua. Chorava por lembrar das irmãs que não via a anos. E por toda chicotada, por todo grito guardado, por toda dor engolida pelas palavras duras de Joshua, que dizia que suas lágrimas não te livrariam da dor.

Só sua força.

Agora a força de Joshua não o livrou de sua morte.

Mas a morte, livrava Lars de sua dor. Sem soluços, sem sinais. Um alivio silencioso e distante, como os dois, mesmo tão perto.


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Mensagem por Eva Mikhail Seg Mar 11, 2019 4:03 pm
dear brother,we are free
Todas as cartas forem entregues, Srta Eva. Seus irmãos mudaram bastantes. Me permiti observa-los por alguns instantes antes e depois de entrar às cartas. A Srta Ardath foi a que mais mudou.oh, eu sei. E como sei. Ardath fora a que procurara mais profundamente, por mais que não estivesse escondida. Sua personalidade estava completamente diferente daquilo que era quando criança e adolescente. Sim, adolescente. Joshua a proibira de visitá-la, mas nunca de vê-la. Sempre ficava por algumas horas observando a mais nova. Fez isso durante anos, até ouvir uma conversa dela, dizendo o quanto odiava os irmãos. Não podia culpar a caçula, afinal, nenhum deles a procurara.

Obrigada, Pogo. Pode ir descansar, mas peço que fique de olho caso um deles apareça. Se possível, cuide do corpo para que não apodreça ainda. Meus irmãos merecem se despedir também. E... Se Sasha aparecer, avise-me imediatamente. Não conte nada a ela. — e dito isso, ela se levantou, pegando um robe de seda azul claro e caminhou em direção a casa de banho. De todos os irmãos, a única certeza era a de que Lars viria, e não queria que ele encontrasse uma Eva chorosa e suada.

Caminhou lentamente até lá, e ao adentrar o lugar acolhedor e quente, retirou as roupas, deixando-as largadas pelo chão úmido. Adentrou a água e sentiu o corpo relaxar no mesmo instante. Seus olhos ainda estavam vermelhos devido ao choro, mas não se permitia mais chorar. Ainda estava sob o efeito do feitiço de anestesia, o que fazia seus movimentos mais lentos que o comum, e por mais que a tsunami destruidora que eram seus sentimentos tivesse se tornado uma boba ondulação, ela sabia exatamente o que sentia. Raiva, tristeza, alívio, paz. Mas acima de tudo um vazio crescente, que ela sempre ignorou, mas que tinha se tornado visível, agora.

Acabou por apoiar as costas na parede da piscina, sentindo o calor irradiar pelo corpo todo. Mesmo assim, não impediu que um tremor percorresse sua pele, e não era de frio. Sempre disse a si mesma que era a mais corajosa e forte da família. Fora a única que nunca tinha saído de casa, e acabou influenciando Sasha, que também ficou. Mas era verdade? Se sentia como alguém que tinha Síndrome de Estocolmo, mas não sentia paixão pelo seu captor, mas amor de filha. Joshua era um monstro que matara e surrara os filhos ao menor dos erros, deixando uma Eva perfeccionista e meio controladora crescer, mas ela nunca conseguiu abandona-lo. Certa vez tinha lido que era dever da filha cuidar dos pais quando estes envelheciam, e o patrono dos Mikhail ingleses estava ficando velho. Ela tinha de ficar.

Seus pensamentos ficaram naquela mesma linha, imaginando o que poderia ter feito caso tivesse alcançando a plena independência dos irmãos. Teria procurado outra carreira? Seria mais próxima das irmãs? Os contínuos "e se" fora bruscamente interrompidos devido a pessoas fortes na casa de banho. Pogo tinha a estatura de uma criança, e sempre se locomovia por meio da aparatação, não poderia ser ele. Seu pai só se levantaria com arte das trevas, mas só havia uma bruxa na casa. Com o coração acelerado, percebeu que seria o único Mikhail que ela tinha chamado: Lars. Sua cabeça se ergueu, encontrando os olhos do irmão. Estava completamente nu, o que a fez se perguntar se ele tinha chegado a alguns minutos e a estava procurando. Porque o elfo não lhe avisara? Ela xingou mentalmente, mas não mudou de expressão, ouvindo a voz do irmão pela primeira vez em anos.

O mais velho continuava rústico como sempre, só que agora bem mais músculo, cabelo nos ombros. As características da família eram gritantes: o cabelo loiros, as cicatrizes de infância. Ao ouvir seu nome, ela estremeceu. Por um instante se perguntou como ele sabia que era Eva, e não Sasha, mas então se lembrou: uma fina linha branca, que se estendia desde o início da bochecha até o queixo. Era o que geralmente diferenciava as gêmeas, mas apenas ela e Joshua sabiam como ela tinha ganhado aquela cicatriz.

Mesmo com a anestesia em efeito, seu coração se partiu em milhões de pedaços ao ouvir a última fala do irmão. A maneira com a voz do irmão ameaçou quebrar, a fragilidade que ele aparentava ter, mesmo possuindo quase dos metros de altura e braços que seriam o triplo do de Eva juntos — Não...não sinta, ela queria dizer. Mas não fora isso que seu pai pediu durante todos esses anos? Não sentir? Não poderia ser injusta com Lars a ponto de pedir isso. Joshua estava morto. Morto! E não poderia fazer mais nada contra eles — É bom falar em voz alta. "Sinto muito". Mas não porque você sente remorso ou culpa, e sim... E sim porque a gente pode finalmente demonstrar alguma coisa. — lágrimas encheram os olhos de Eva, que sabia que a iluminação baixa não permitiria que ele visse aquilo. Odiava demonstrar fraqueza, e sempre fora ensinada que chorar era isso. Mas chorar não era o que a fazia humana? Porque ser humana seria uma fraqueza?

Um soluço escapou antes que ela pudesse se conter, mas um sorriso se formava em seus lábios — Só peço que não sinta remorso. Nós tivemos uma criação de merda, e como o mais velho, você era o que sofria a mais tempo que nós. Não vou ser egoísta o suficiente para pedir que você se arrependa de ir viver uma vida longe daqui. Nem você, nem a Wil ou a V.Por todos os deuses, estou chorando de alegria? Eva fechou os olhos por alguns instantes, respirando fundo para controlar as emoções. Sempre fora boa nisso, mas parecia como tentar parar um furacão com um aspirador de pó. Quando seus olhos se abriram, as íris castanhas se moveram para o relógio que estava ao seu lado. Os ponteiros não tinham mudado, fora o de Lars, que apontava para o lugar onde ficaria o número seis: casa.
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Mensagem por Lars Mikhail Seg Mar 11, 2019 7:57 pm


Com amor, Eva Mikhail.

Pra ti, Perdão.


Com dor, Lars Mikhail.

Mas quem disse que seria egoísmo pedir para que um irmão se arrependa de te abandonar? Foi o que Lars pensou. Céus. Ele havia deixado Eva para trás. Sua pequena Eva, sua doce Eva. E Sasha. E Mina. E Ard. Sofreu por elas, sim. Mas, no final, quem sofreu mais, aturando Joshua, suportando-o até o dia de sua morte e até o ponto em que estavam ali, foi ela.

Como poderia se desculpar? Como poderia ter perdão pra um homem covarde como ele? Oh, bravo Lars Mikhail. O bruxo que derruba exércitos com uma varinha e nada mais. E não consegue acalentar a irmã. Seu ímpeto era aninhar a menor em seus braços, como fazia depois dela tomar os golpes de Joshua tão novinha. Os estalos eram tão reais que Lars sentia o ardor da pele, sem saber se era a água quente ou o fantasma a bate-lo. E novamente, vinha o tique em sua mente.

“Me desculpa”. Gritava aquela alma torturada. E foi assim, por mais longos minutos, até que o fantasma de Joshua já tivesse cansado de humilhar a mente do Mikhail. As lágrimas já não rolavam mais, não por falta de emoções, mas... Porque já não dava mais, mesmo. Isso não resolveria nada, e foi quando o corpo de Lars se moveu.

Ele cruzou a piscina, que para ele, poderia parecer a eternidade. Para ela, até que podia ter sido rápido. Quando chegou ao lado dela, estacionou ali. Costas na parede áspera, e só. O queixo molhado pingava pequenas gotas d’água, e ali, com Eva, assistia a água lentamente se acalmando. Mais tempo se passaria, até que o mais velho dos Mikhail avançaria o rosto até a lateral da testa da menor, e depositaria um beijo leve, antes de voltar a seu lugar. ———— Eu não deveria ter te deixado pra trás, Eva... Não deveria ter deixado nenhuma de vocês pra trás. ———— Era rouco. A voz ainda estava embargada, apesar de firme. Os olhos azuis agora só pesavam sobre a água. Naquele beijo, ela sentiria a razão. A razão de cada chicotada que ele tomou por ela e pelas irmãs. A razão do porque dele ter voltado. A razão principal de suas lágrimas.

Céus. O Mikhail ama aquelas meninas.



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Mensagem por Eva Mikhail Ter Mar 12, 2019 1:58 am
Trombe com o cão, mas não queira encontrarum Mikhail
Eva abriu um pequeno sorriso satisfeito, virando o rosto para observar o irmão com mais atenção. Acabou por empurrar de leve o homenzarrão com o corpo esguio, que parecia tão pequeno em comparação ao dele — Não deveria ter nos deixados — ela acabou concordando, sem retirar os olhos de Lars. Outro ensinamento de Joshua: nunca deixe de encarar seu inimigo. A verdade vive nos olhos. Acabou se tornando um hábito — Mas eu não peço que você sinta remorso por isso. As outras seguiram seu exemplo e foram embora. Eu teria feito isso se papai tivesse morrido mais cedo... Ou teria ficado mesmo assim para cuidar da casa. Um Mikhail sempre deve permanecer em Gekrönt — ela deu de ombros, sentindo o cheiro do chocolate quente.

Seu estômago roncou audivelmente, e antes que o mais velho pudesse dizer algo, caminhou até o lugar que Pogo tinha deixado chocolate e marshmallows. Pegou uma caneca rapidamente, bebericando a bebida quente. Pegou um dos doces e levou a boca, sentindo o açúcar se espalhar pela boca e pelo corpo, deixando-a mais animada. Sentia que seu corpo estava mais aliviado também, agora que Lars estava em casa. Não precisaria se preocupar em lidar com as 4 irmãs sozinha. E deuses, Sasha ainda precisava saber — Pode pegar esse relógio? Não consigo parar de olha-lo. Quero saber se Sasha está bem, ela ainda não sabe — disse com apreensão na voz, engolindo em seco.
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Mensagem por Lars Mikhail Ter Mar 12, 2019 10:23 pm


Com amor, Eva Mikhail.

Pra ti, Perdão.


Com dor, Lars Mikhail.

O olhar de Eva era mais pesado do que se pode imaginar. Mas também, a coisa mais leve que pesou sobre o Mikhail em anos. As narinas encheram os pulmões de ar, pouco depois do pequeno golpe da irmã que o fez sacudir suavemente. Sorriu. É, não devia mesmo ter as deixado ali.

Como poderia se desculpar? Como poderia ter perdão pra um homem covarde como ele? Oh, bravo Lars Mikhail. O bruxo que derruba exércitos com uma varinha e nada mais. E não consegue acalentar a irmã. Seu ímpeto era aninhar a menor em seus braços, como fazia depois dela tomar os golpes de Joshua tão novinha. Os estalos eram tão reais que Lars sentia o ardor da pele, sem saber se era a água quente ou o fantasma a bate-lo. E novamente, vinha o tique em sua mente. ———— ... Esse lema é novo, é? Ou só está inventando uma desculpa pra ficar com a herança? ———— O tom carregava humor. Quem sabe as águas tivessem lavado a dor de Lars, por um momento. Nah... Mentira.

Ele só havia engolido.

Assistiu-a cruzar uma pequena distância da piscina. Eva ostentava tantas marcas de golpes quanto ele. Maldito seja Joshua que mesmo depois de perder um filho não aprendeu a ser pai. Bem, os braços de Lars se apoiaram na beirada da piscina. Seu torço ficava praticamente todo para fora, e ele encarava a água escorrer pelas linhas de sua musculatura e da pele arrepiada pela diferença de temperatura, enquanto a ouvia sobre o relógio. ———— Eu que o construí. Digo, a parte de madeira. Joshua encantou. Não faço ideia que feitiço maluco tem nele, mas... É útil. Só que deixa ansioso. Se não consegue aceitar a certa do incerto, é melhor deixar de lado, mesmo. ———— Foi quando fez uma pausa, refletindo sobre o tom da irmã e sobre Sasha. Os olhos azuis voltaram para ela. Não carregavam mais aquela dor... Minto. Carregavam, mas ocultos atrás da obstinação de uma certeza que poderia varar muralhas. ———— Eva... Sasha é uma aurora, agora. Eu me preocuparia mais com quem enfrentar aquela maluca. E outra. Ela é nossa irmã. O que infernos o cão pode nos servir, que nós já não tenhamos servido para alguém antes? Bem, tirando o fato do próprio cão ter voltado pro inferno. ———— Uma piada com a morte do Pai? É. Talvez tenha sido. Respirou fundo, no final, aceitando que talvez não fosse o melhor confortando com palavras. A abraçaria, mas deixou-a no calor adocicado de um achocolatado do que nos braços de um irmão distante. ———— Vai ser um baque, mas bem mais leve do que o que sofremos. E sabe, eu estou aqui agora, Eva. Juntos, a gente dá conta da Sasha. E da Mina, e da... Enfim. A gente também tem o Pogo. ———— O segredo é nunca desistir de tentar, não é? Mesmo com suas piadas horríveis.

Foi quando concluiu as palavras, que buscou capturar o olhar da mais jovem. Mesmo se ela estivesse melhor, ou não, o sorriso travesso surgia lentamente no rosto do irmão e pronto. Um tapão resvalado que atiraria um jato de água na direção da mais nova, aconteceu. ———— Hahahaha! Bobona! ————

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Mensagem por Eva Mikhail Seg Mar 18, 2019 1:42 am
Trombe com o cão, mas não queira encontrarum Mikhail
Um sorriso apareceu no rosto de Eva, que definitivamente estava mais calma. O efeito da anestesia tinha passado a alguns minutos, e ela nem tinha percebido. Ter alguém com quem conversar que não fosse Pogo e que tivesse nos ombros as mesmas responsabilidades que a loira era como ter ajuda para segurar o peso dos céus. Suas palavras arrancarem-lhe um riso leve, fazendo a mulher apoiar a cabeça na bandeja. Terminou de mastigar o marshmallow para então respondê-lo, tão bem humorada quanto: — Ambos, quem sabe. Nunca vou confirmar nada — ela ergueu as mãos como que para mostrar que estava desarmada.

As palavras sobre o relógio fizeram a menina erguer uma sobrancelha, perdendo um pouco do sorriso — Você o construiu e nunca falou nada? — suas mãos voltaram a água. O chocolate, que antes tinha esquentado o interior de seu corpo, tinha ficado frio como se Eva tivesse ingerido gelo puro — Cargos não significam nada, sabe. Sou uma cavaleira de dragões e nem por isso a morte do nosso deixou de me afetar. Você está aqui, não está? A maneira como alguém reage a morte pode ser completamente diferente para cada pessoa. E eu me preocupo com ela, Lars. — ela fechou a boca, percebendo que a emoção estava fazendo com que ela falasse demais. Sempre odiou esse defeito: quando sentia algo muito forte, se tornava uma matraca que não parava de falar até que alguém dissesse "chega".

Eu me preocupo com todas elas — murmurou fechando a mão em um punho apertado — Ardath nos odeia por achar que nós a abandonamos, e as vezes sinto que foi exatamente isso que fizemos. Veronna se tornou uma paleontóloga brilhante e as vezes trabalho com ela quando preciso ir a Thunderbird. Sasha você já sabe, se tornou uma grande auror. E isso não impede que eu me preocupe verdadeiramente com elas. As vezes acho que o peso de mãe recaiu sobre mim depois da morte da mamãe, e fiz um péssimo trabalho — dane-se ela falaria. Lars era o único que poderia entender aquela situação, aqueles sentimentos, e a loira já tinha reprimido os sentimentos por tanto tempo, que agora eles escorriam por entre as frestas da barreira que colocara, como uma represa se quebrando.

Deuses, é por isso que eu nu...Nunca vou ter filhos. sua fala foi cortada devido a um jato d'água sendo lançado em sua direção, e por um segundo, ela não conseguiu entender o que estava acontecendo. Um sorriso brincalhão se formou em seus lábios, mas não era de fato o que ela sentia. Seu coração estava despedaçado por causa das irmãs, a morte do pai, e ao mesmo tempo aliviado. Alívio seria o sentimento que todos os Mikhail filhos de Joshua sentiriam ao saber da morte do homem. Mas ela sempre foi uma boa atriz, principalmente porque seu pai pessoalmente cuidou para que ela se tornasse uma. Imitando o mais velho, ela empurrou água em sua direção, e como uma criança, começou a empurrar vários em direção a Lars, gargalhando feito uma criança. Sim, sorriria. Sorriria mesmo que não quisesse sorrir. Sorriria até que sua mente acreditar que era feliz.
Eva Mikhail
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