[RP Fechada] Beijo Doce

A aparatação era um dos meios mais divertidos de se viajar, se não fosse o mais divertido. Ainda sentia um breve incômodo no estômago ao utilizar de tal transporte, mas a sensação de agrado sobrepunha quaisquer sentimentos negativos. Em poucos segundos o casal estava caminhando em direção à loja Dedos de Mel, doceria mais famosa por entre os bruxos. O sorriso estava estampado na face do Auror enquanto o mesmo observava cada movimentação comercial, sentindo a nostalgia de quando ainda estudava sob o teto de Hogwarts e saía para comprar os materiais necessários que usaria no ano letivo. Os dedos do asiático estavam devidamente entrelaçados com os da esposa, dando-lhe um pequeno aperto ao vê-la se distrair pelo o mesmo motivo.

Hoon se sentia o bruxo mais sortudo e alegre de todo mundo ao fitar o sorriso de Dorothea, percebendo que não importava o tempo que estava e estaria ao lado da garota, sempre seria surpreendido sobre o quão linda ela conseguia ser. Além de extremamente talentosa. Nos anos em que estudaram juntos, a bruxa sempre lhe enchia de sermões caso não fizesse as lições passadas, alternando entre a agressividade e a manha na voz. Mas o Auror sempre desistia ao ouvir a voz manhosa da morena, realizando todos os trabalhos pendentes. Talvez esse fosse o principal motivo de seu sucesso escolar. – Faz tanto tempo que não como um doce, até me sinto uma criança. – Admitiu ao suspirar prolongadamente, mordiscando o lábio inferior com o nervosismo.

Mas de fato havia muito tempo em que o rapaz não degustava o saboroso gosto de um doce, deixando escapar um semblante animado ao pensar sobre os tipos de produtos que teriam na doceria. E como o casal sempre andava ocupados com seus respectivos trabalhos, quase não sobrava tempo para que pudessem visitar lugares como aquele. – Você teve a melhor ideia de todas, Dory.  – Proferiu baixo como se fosse o maior dos segredos, dando um breve beijo na bochecha da esposa e fitando a loja que se aproximava cada vez mais. Ainda havia uma indecisão que não fora respondida na mente do bruxo: qual doce comprar?

O intenso e nostálgico perfume dos doces que exalava da loja antes mesmo do casal adentrar, inundava as narinas do asiático que apenas sorrira ao sentir a ansiedade aflorar em seu interior. E de fato, ao fitar cada doce estranho e saboroso da doceria, Hoon sentia-se como uma criança no parquinho, querendo experimentar cada um dos produtos sem se importar com o quanto gastaria. E uma risada baixa fora expelido de seus lábios após observar a esposa se animando e relembrando o passado com os doces que encontrava, pressionando os lábios um no outro ao buscar a memória da mente. – Sim, você sempre dava o mesmo sorriso animado. – Comentou ao fitar a face de Dory.

Com uma varinha de alcaçuz em mãos, os olhos do Auror brilharam ao fitar os sapos de chocolate do outro lado da loja, semicerrando os olhos ao perceber que uma criança havia se interessado igualmente. Mas como um adulto maduro e responsável, Hoon correra em passos largos para conseguir pegar duas caixinhas do doce, comemorando mentalmente a vitória sobre a criança de oito anos. Ao voltar para o lado da esposa, o bruxo deu uma risada da própria ação. – Eu seria um ótimo pai.  – Deu de ombros, mostrando-a alegremente os sapos de chocolate. Ainda faltavam alguns cartões de bruxos famosos para completar a coleção que iniciara ainda nos anos de estudo em Hogwarts. Dumbledore deveria ser um dos mais fáceis de aparecer, mas algo o dizia que o homem não ia com a sua cara, já que era um dos que faltavam.

Caminhava ao lado de Dory com a mesma animação enquanto a mesma se aventurava na sessão de sabores incomuns, parecendo alegre ao encontrar os pirulitos sabor de sangue. Imitou a expressão manhosa com um beicinho e encheu uma das mãos com o doce ao ouvir o pedido da esposa, indo em busca de uma cestinha para depositar todos os produtos antes que derrubasse cada um deles. Com um sorriso de canto, Hoon dera um selo no beicinho da garota. – Claro que podemos. Vamos precisar dos feijões também, é sempre divertido.  – Admitiu enquanto os pequenos olhos iam em busca dos doces, o obrigando a fazer uma expressão avoada.

No serviço de Auror, apesar da personalidade extrovertida e animada, Hoon via-se como uma pessoa extremamente focada em seu objetivo. Entretanto, ao deixar o trabalho de lado, o bruxo se torna uma criança de vinte e um anos, sempre buscando uma situação divertida tanto para si quanto para sua companheira. Às vezes ela o respondia com uma expressão de pouca animação, como se ele tivesse ido mais longe do que deveria, mas minutos depois o casal já estava rindo, como se a memória de ambos fosse curta demais para se lembrar de qualquer momento ruim. Pelo menos entre eles. – Ou você não quer?  – Indagou em um tom ofendido, fingindo uma expressão surpresa e aterrorizada.

Os olhos do bruxo ganharam um brilho especial ao notar que a esposa concordara sem pestanejar com a ideia de levar os feijões de todos os sabores, fitando-os com as mãos coçando para que abrisse antes mesmo de sair da loja. A última vez que tivera a oportunidade de experimentar o peculiar doce, Hoon havia feito uma aposta com os amigos e com Dorothea para saber quem seria o mais azarado do grupo, e claramente o Auror havia sido derrotado ao realizar uma careta, lembrando-se do gosto de vômito de trasgo que o doce lhe presenteou. Entretanto, ao observar a face indignada da morena, o asiático não resistiu em dar uma pequena risada e com os pequenos olhos fitando o fantasma que conhecera bem de acordo com as histórias da esposa, o bruxo tentou ao máximo sinalizar à Dorothea para que a mesma parasse de falar.

Porém, de nada adiantou o aviso. Com os lábios pressionados, Hoon vira a senhorinha cutucando a costela de Dorothea com uma cotovelada, fazendo-o rir de forma mais contínua ao ver a situação em que a esposa se metera. Querendo ou não, o momento lhe dava uma certa nostalgia dos anos em Hogwarts, onde o casal saía pelo castelo em busca de diversão, quase sempre sendo “recompensados” por uma pesada e entediante detenção. Se não fosse as excelentes notas em quase todos os anos, provavelmente estiveram perto da expulsão. Com uma voz suave e cordial, o Auror acordou de seu transe com a esposa explicando-se para a falecida que acabara por ignorar as desculpas e entre um sumiço e outro, a fantasma saía flutuando por todo o estabelecimento, vez ou outra ultrapassando alguns corpos sem se importar. – Muito sentimentais. Mas quem morre tomando suco de abóbora?! – Indagou com certa indignação.

O coração do asiático palpitava conforme seus olhos observavam tanto o traço facial quanto o corporal da esposa, arqueando ambas as sobrancelhas com a pergunta da mesma, dando uma risada contida e parando ao seu lado, perdendo-se nos incontáveis doces. – Não sei, será que não seria muita irresponsabilidade? – O murmúrio saía com um tom de tristeza. Com um suspiro prolongado, o bruxo virou-se para a esposa, selando os lábios em um beijo rápido e carinhoso, afagando os cabelos morenos da mesma como sempre gostava de fazer. – Você pode escolher mais um doce e depois gastamos tudo em um sorvete super gostoso. Acho super prático e responsável. – Proferiu com seriedade.

Com a cesta cheia de doces em uma das mãos enquanto a outra se mantinha guardada no bolso da calça, observando cada movimento e mania da esposa, divertindo-se como se fosse uma criança de dez anos em seu primeiro amor. A mente de Hoon apenas o confirmava de que não havia pessoa mais perfeita para estar ao seu lado. Definitivamente as almas de Hoon e Dorothea estavam interligadas de alguma forma, e isso era de seu conhecimento desde o primeiro dia em que a garota lhe acertou um feitiço direto no peito. Não iria perdê-la, era o amor de sua vida. Literalmente.