[RP FECHADA] Negócios são Negócios

Um bocejo saiu dos lábios levemente rosados de Olívia enquanto ela escutava as palavras de Julien Carré, um dos funcionários do departamento internacional do Ministério da Magia francês. Lembrava-se dele da época da escola, já que a jovem Windsor formou-se em Beauxbatons e ambos estavam na mesma casa: Noble. Ainda se perguntava como fora parar lá, mas acreditava que talvez fosse por seu sangue nobre e, embora achasse normal - ou deveria ser - os membros da família real inglesa fazerem parte de Hogwarts, ela ainda não entendia o pensamento de sua vó, a Rainha Elizabeth, ao mandá-la para França.

— Olivia, está me escutando? — o tom convencido de Julien tirou a loira de seus devaneios, fazendo-a encarar o cabelo seboso e melecado de gel do moreno. O nariz levemente arrebitado estava empinado de forma arrogante, como se ele fosse o dono da razão, igualzinho era na escola. Um suspiro saiu dos lábios da garota: Windsor estava entediada, aquela conversa havia se delongado demais.

— Você estava falando sobre negociar pelo porto direto de Paris. — a garota falou, abanando uma das mãos como quem não quer nada. Ela conseguiu ver uma veia saltar na testa oleosa dele, e tudo que Olivia conseguia pensar era em como um garoto como aquele, que nem da aparência cuidava, conseguiu ser um aluno da Noble. — Julien querido, você ficou aqui protelando e não disse nada com nada. Já temos negócios com a França. Por que quer mudar para o porto de Paris, se estamos bem com Le Havre? É perto e rápido.

— Você não entende, Olivia? Paris é a capital da França! — o homem ergueu ambos os braços em exasperação, talvez tentando entender os motivos da loira não concordar com seu ponto de vista. — Pense comigo, Livs. Negócios entre Londres e Paris, dentro do mundo bruxo, movidos por motivos de movimento de mercado.

Windsor ergueu uma das mãos para fazê-lo parar de falar e, embora Julien tenha fechado a cara em uma carranca, fechou a boca. Endireitando a coluna na cadeira confortável de seu escritório, a chefe do Departamento de Cooperação Internacional em Magia cruzou ambas as mãos sob o queixo, apoiando os cotovelos na mesa de mogno.

— Geograficamente falando, Julien, sair direto do porto de Paris para vir até aqui é uma distância considerável. Podemos fazer negócios com a cidade-luz ainda pelo porto que comumente é usado. — a voz da jovem princesa estava firme, afinal não podia usar com as pessoas em ambiente de trabalho o mesmo tom de voz que usava com os irmãos. — Não há nenhum problema com Le Havre.

— Você não sabe negociar, Livs. — ele falou, sentando-se na cadeira à frente da garota. Então ele retirou uma sacola de sua maleta marrom, jogando-a em cima da mesa. O barulho de metal de chocando soou alto na sala e a jovem já imaginava o que era aquilo. Era sério mesmo? — Quanto será necessário para que você leve a ideia até o ministro para aprovação?

Uma das sobrancelhas perfeitas da bruxa se ergueu em descrença enquanto o sentimento de insulto crescia em seu peito. Era sério mesmo aquilo?

— Julien, se não quiser que eu chame o ministro aqui e agora por culpa dessa afronta, sugiro guardar isso ai. — endureceu o tom de voz, fechando a expressão em uma carranca mau humorada. O moreno suspirou e colocou a sacola dentro de sua mala a contra-gosto, e aquilo suavizou a expressão de Windsor. — Não me chame de Livs. Você não tem esse direito, não temos intimidade. E quanto às negociações com Paris... — ela falou enquanto pegava um pedaço de pergaminho e sua pena. — Elas ainda estão de pé, obviamente, afinal mesmo que eu seja encarregada de algumas coisas, não vou simplesmente tomar alguma decisão radical sem a autorização ou conhecimento do ministro. Mas, economicamente e jogando com relação à distância, se tornaria inviável pela demora no trânsito marítimo e pelos custos gerados. Além disso, vai demandar mão de obra e tempo ao mar. — conforme falava ela ia escrevendo no pergaminho, a letra cursiva e bonita era fácil de ser lida.

Ao final, Olivia bateu seu carimbo no canto inferior da folha, dobrando-a cuidadosamente e entregando ao ex-colega. Vendo o rosto confuso dele, sorriu sinceramente e balançou a cabeça.

— Não é nada demais. São apenas meus cumprimentos ao chefe de setor de vocês. — deu de ombros enquanto via Carré ficar de pé após, literalmente, tomar a carta das mãos da menina de forma agressiva e sair batendo os pés com força. Viu quando um de seus colegas de Ministério passou em frente à sua porta e lhe lançou um olhar. "O que houve?" dizia, fazendo apenas a jovem Windsor balançar a cabeça em um claro sinal de "deixe para lá".

Ficou de pé e espreguiçou o corpo, saindo da sala logo em seguida. Precisava discutir com o ministro algumas coisas importantes sobre o porto de Le Havre.

Observações Importantes: