[RP FECHADA] Hell-o, love...

Alaska havia acabado de sair da sua aula de DCAT naquela fria e nublada tarde de uma quarta-feira comum. Estava animada, afinal, aquela era sua matéria preferida, e mesmo não parecendo, Alaska realmente gostava de estudar matérias que a interessassem. A verdade é que sua personalidade havia ficado muito amargurada de alguns anos para cá, e qualquer coisa que a ruiva fazia era considerada arrogante ou insuportável aos demais. E isso por culpa de quem? Sim, dele. De Athos. Desde a vez em que o garoto quase a matou, eles nunca mais se falaram, e isso entristeceu a garota, ainda mais por saber que ele queria matá-la de verdade.

Era nisso que Alaska pensava enquanto caminhava pela Ponte do terceiro andar, com o seu coração palpitando rápido, e em seus olhos tristes lágrimas eram mantidas em cativeiro, estando presentes lá, mas não saindo de forma alguma. Alaska não poderia se dar ao luxo de ser fraca, porque, se fizesse isso, talvez tudo o que ela lutou para esquecer fosse trago a tona. Por isso, pegou qualquer livro que havia dentro de sua mochila, e então sentou-se na ponte, sentindo o forte vento gelado esbagulhar os seus cabelos, enquanto lia desesperadamente para evitar pensar nas suas sofridas memórias.

Alaska estava tão focada no livro que nem percebia nada ao seu redor. E se percebia, ignorava essa coisa com todas as suas forças. Já havia lido aproximadamente umas trinta páginas de seu livro, quando uma voz um pouco rouca falou consigo. Uma voz que já havia ouvido muitas vezes na sua cabeça, dona de seus pesadelos. A voz de Athos.

A ruiva suspirou, e desejou com cada parte de sua alma que o que ela tinha ouvido era apenas uma ilusão. Mas ao olhar para cima e encontrar o olhar suplicante de Athos, percebeu que não havia como fugir da situação, e nem mesmo evitá-la. Alaska ficou paralisada, com medo do garoto que havia se aproximado recentemente. Ela estava em uma ponte, ainda por cima. O seu medo duplicou com esse fato.

Um pouco atormentada, a garota se lembrou da noite em que tudo havia acontecido, mas decidiu tratar aquilo com indiferença. A garota removeu o olhar assustado do rosto, levantou-se com sua face inexpressiva e disse, com uma voz fria e sem sentimentos:

— Nós dois não temos nada, eu repito, absolutamente nada, para conversar a respeito.— Falou, ainda olhando no fundo dos olhos do rapaz, enquanto ouvia as suas desculpas. Aquilo não abalou a garota, apenas a deixou enraivecida. — Me desculpe? "Não foi você?" — Falou, fazendo aspas com as mãos, e em seu tom de voz carregava certo deboche. — Claro que não foi, foi o meu pai, sabe? — Respondeu, levantando o olhar para cima e ironizando a frase.

Alaska estava confusa. Não sabia o que responder, e nem o que sentir naquele momento. No fundo, bem no fundo mesmo, queria sentar-se naquela ponte e abraçar Athos, ouvir suas desculpas e pronto. Mas a garota agora já não era mais tão iludida. Seu rosto permanecia sério, enquanto um bilhão de pensamentos corriam pela sua mente, tentando identificar se o que ele diz é verdade ou não, e pensando no porquê de ele ter feito tudo aquilo.

— Pensou a garota, suavizando um pouco a sua expressão facial.

— Fale. — Falou ainda muito séria, mas agora cedendo ao garoto ao menos uma explicação. Segurou seu livro mais forte, descontando nele a ansiedade que estava sentindo, mas quase imperceptivelmente. Segurou no corrimão da ponte e desviou o olhar dos olhos de Athos para qualquer lugar que pudesse olhar, e então viu algumas núvens se aproximando do castelo por causa do vento que estava um pouco forte.

A garota inexperiente no assunto olhou nos olhos de Athos, o vendo sentar ao seu lado e passar as suas mãos pelas suas temporâneas. Ele parecia cansado, abatido. Suas palavras pareciam sinceras, mas alguma coisa no fundo do olhar de Athos o dizia para não confiar nele sobre hipótese alguma. A sonserina estava confusa, tanto inclinada para perdoa-lo como estava inclinada para sair correndo. A verdade era que a ruiva precisava pensar, não poderia tomar esse tipo de decisão sem pensar.

Ela já havia confiado nele uma vez, mas no momento seguinte estava sendo enforcada por ele. A sensação indescritível das suas mãos apertando o seu pescoço, a privando de ar, e vendo o seu até então melhor e único amigo sorrindo maniaco para si enquanto a enforcava não se igualava. Isso fez o coração da ruiva se apertar, e lágrimas quererem inundar os seus olhos.

— Até mais tarde, Athos. — Falou, após algum tempo segurando firmemente as suas lágrimas e a sua expressão impassível no rosto. Logo após ter dito isso, pegou o seu livro, segurando-o contra si mesma, enquanto ao mesmo tempo dava meia volta e caminhava até a ponta da ponte, onde havia uma porta para sair dali. Seu rosto, a essa altura, já estava molhado de lágrimas, e então, justo nesse momento, uma expressa chuva começou a cair, assim, quase que do nada. Alaska acabou se molhando um pouco antes de conseguir finalmente entrar, mas assim que entrou, correu para a torre de Astronomia, saindo de perto de Athos o mais rápido possível.