[RP FECHADA] Those three words now are home

-Ser minha sobrinha não faz dela menos catarrenta, bonitinha. - Murmuro em meio a um sorriso. - Barney está cada dia mais desesperado, pobrezinho! Ela tenta montar no coitado, ele está velho demais pra isso. Me espanta ela ainda não ter sido mordida. - Pondero por um tempo quanto a termos outro cão, não contendo um sorriso bobo ao notar o carinho de Aalyah pelo cachorro. - Barney foi um excelente escudeiro na sua ausência, de fato. Se tornou tão protetor quanto você, até dorme atravessado na porta do quarto desde o primeiro dia. Quanto a outro animal, acho que pode ser uma boa ideia, especialmente se formos levá-lo para outro lugar, mas prefiro pensar nisso depois do casamento, na verdade. Até porque não quero que isso demore mais que o necessário. O tempo de preparar a cerimônia e a festa bastam. Mantive o dinheiro que deveríamos ter gasto na conta, salvo poucos gastos com as multas de cancelamento de alguns serviços, então não será difícil. - Termino a fatia de bolo e encaro o prato com pesar. Acho que preciso começar a pesar meus hábitos alimentares. Uma criança para em frente ao vidro e a encaro com estranheza, o familiar sentimento de pesar me toma. O quão injusta a vida pode ser a ponto de uma criança precisar chegar a tal ponto? Observo Aalyah dar a ela o pedaço de bolo e fechar novamente a janela, apenas meneio a cabeça em resposta a seu comentário. Era tudo muito mais que estranho, especialmente estando aqui. Aalyah comenta sobre o frio e lhe dou um tapa. -Não me vem com essa conversa, ciumenta. Já sou vacinada. - Sorrio de canto, meneando a cabeça. 
Abro um sorriso ao ouvir Aalyah falar sobre a biblioteca. Ela era capaz de descobrir o endereço do Diabo se lhe fosse útil. A deixo me puxar para seus braços e retribuo ao beijo com carinho. - Como quiser, senhorita. - Brinco, batendo continência. Sinto um aperto no peito ao ouvir as palavras de Aalyah. Selo nossos lábios demoradamente antes de me aconchegar em seus braços, apoiando a cabeça nos seus ombros. Aalyah me beija e sinto um arrepio quente me subir pela espinha e meu coração acelerar. "Algum dia vou descobrir como pude viver tanto tempo sem você", me pego vocalizando meus pensamentos e fico grata por não ser o tipo de pessoa que fica corada, pois estaria em cinquenta tons de vermelho agora. Tento ignorar a alegria boba nos olhos de Aalyah. -Depende do que descobrirmos na biblioteca, basicamente. Mas tenho pensado em voltar a Porto Novo. -
Me lembro de uma coisa e me levanto de súbito, pegando a bolsa. -Espera um segundo. - Vou ao banheiro e retiro da bolsa um sobretudo. Retiro o cardigã, trocando-o pela outra peça e retorno. - Toma, veste esse cardigã por baixo do terno. Pode não fazer seu estilo, mas é quente. Já tinha até esquecido que tinha esse sobretudo aqui dentro... Preciso parar pra ver o que coloquei aqui nos últimos tempos, se bobear, sai um cavalo dessa bolsa. - Coloco minha cadeira encostada na dela e me sento novamente, retomando minha posição.

-Aalyah, deixa de ser orgulhosa! É só um cardigã, não custa nada você vestir! Depois vai ficar aí morrendo com resfriado, reclamando na minha orelha! - Aalyah me ignora totalmente, então acabo desistindo de insistir e termino meu café, a essa altura, quase frio. -Ei, espera, espera! Você ainda têm o dinheiro da nossa poupança de casamento? Amor... - Ela se debruça sobre a mesa e toco seu ombro para que se levante. - Tudo bem, sério... Houve um tempo em que eu quis depositar tudo na sua conta e fingir que nada tinha acontecido, pra ser honesta. Eu descobri que você estava no trabalho todos os dias, o que desmontou totalmente minha desconfiança de que tivesse sofrido um ataque ou qualquer coisa do tipo. Estava explodindo de raiva e mágoa. Cheguei a cogitar mil vezes que estivesse com outra pessoa, mas no fundo eu tinha esperanças de que você voltasse em algum momento e passei a guardar por esperança. - Confessar aquilo fez meu peito pesar toneladas a menos, embora me sentisse extremamente ridícula agora. - De um certo modo, valeu a pena. - Murmurei, deitando a cabeça em seu ombro. - No final eu estava "certa" e pelo menos não vamos precisar juntar toda essa quantia de novo. Mas está tudo bem, sério, não precisa se corroer. Só não me deixa outra vez. - Murmuro, selando os lábios aos dela em um beijo demorado e cheio de carinho. 

Perceber que Aalyah finalmente estava entendendo a dimensão de seus atos era, ao mesmo tempo, alívio e tortura. Era reconfortante não me sentir tão dramática, tão temperamental e não me questionar quanto à racionalidade de meus atos, mas me destruía vê-la daquela maneira porque toda essa fragilidade não lhe cabia. 
-Lyah, vamos por um ponto final nessa história agora, ok? Eu não vou mentir pra você quanto a perdão, porque você sabe o quão difícil isso é pra mim e finalmente eu creio que você esteja entendendo o que aconteceu realmente. Mas eu também mantenho meu raciocínio de que há muito pouco o que perdoar em um ato sem maldade. O que tinha que ter sido resolvido entre nós duas, já foi. Como você mesma disse, temos posse sobre nosso destino e é com ele que eu quero me preocupar de agora em diante. Eu só espero que em algum momento você entenda de uma vez por todas que a sua família está aqui. Você vive conosco a tanto tempo que sequer me lembro com que idade chegou, Helöise te tem como filha, até mesmo a catarrenta te tem como tia. Tia favorita, aliás. Independente desse noivado ter sido reatado, você sempre será parte dessa família e é impossível negar esse fato. Família é muito menos sangue e muito mais atos, Aalyah. - Acaricio seu rosto com a palma da mão e selo nossos lábios novamente, entrelaçando meus dedos aos dela ao retomar minha posição. -Agora chega de falar dos seus pais, chega de passado. Eu não quero ouvir falar nessa história nem mais uma vez na minha vida porque pra mim já bastou o sofrimento que teve. Muito mais me interessa planejar o casamento agora. Já aviso que será pra ontem, a propósito. 

Escuto a declaração de Aalyah quanto ao casamento e arqueio a sobrancelha. Estava ok quanto ao tempo para o casamento, ok quanto a reduzir o número de convidados, ok quanto a incluí-la na preparação, mas minimalista? - Meu amor, eu não sou minimalista nem pra me vestir, vai sonhando com esse minimalismo aí. Eu não esperei 10 anos pra casar pra fazer um casamento pelas coxas. Quanto ao prazo, por mim está ótimo. É tempo o suficiente para eu enviar convites, alugar algum lugar e preparar a festa. Pouco trabalho considerando que já tínhamos planejado tudo e eu não quero mudar muito. - Aalyah pediu para participar mas sei bem que no fim a paciência dela para decidir entre duas dobras de guardanapo, mil tipos de flores e pensar em arranjos estava longe de ser duradoura. - Você pode escolher as bebidas e drinks que serão servidos, o DJ, me ajudar a escolher os pratos do buffet, as lembranças dos seus padrinhos, o local da lua de mel e o resto eu me viro. Sei bem que tem o pavio curto pra essas coisas, vai ter curto-circuito se tiver que pensar muito entre um amor-perfeito ou uma begônia. - Observo com o canto de olho Aalyah sorrir. Sei bem que ela está rindo do meu péssimo hábito de delegar funções, mas prefiro ignorar. - Eu posso saber o que é que você quer dizer com "síndrome de Niara", engraçadinha?- Brinco, beliscando sua barriga de leve. - Tudo okay se puder me pedir dois croissants e uma crumpet com geléia pra levar. E outro expresso pra esquentar os ossos.  

Aalyah cogita a possibilidade um casamento nas montanhas e sou obrigada a rir. Sozinhas nas montanhas só se for pra lua de mel, porque eu definitivamente não esperei mais de dez anos para fazer um casamento desses. Fora que nossa poupança tem uma quantia nada modesta, então por que não gastar? Mostro a língua quando Aalyah ameaça me dar calmantes. - Você não se atreveria. - Brinco, mas sou bem capaz de imaginá-la fazendo algo do tipo. Aalyah sofre de uma séria crença de que ela é medibruxa. -Não é que eu adore, Aalyah, é só que dominância sobre você é um traço inegável da minha personalidade, em qualquer aspecto. - Sorrio, aproximando meus lábios de seu ouvido. -Nós duas sabemos que eu consigo o que quero de você. Sou eu quem mando. - O garçom aparece para anotar os pedidos e posso notar certo espanto em seu rosto. Se não fosse de péssimo tom, ele já teria perguntando em que momento pretendíamos parar de comer. - Sério, meu amor? Me parece uma síndrome bem séria mesmo, especialmente pra quem não tem o que fazer além de vigiar minha boca, sabe? Até porque eu ouvi dizer que pessoas que vivem com pessoas portadoras da síndrome comem tanto quanto... - retruco, passando chantili do chocolate quente na ponta de seu nariz. Lhe dou um beijo em agradecimento ao doce. - Linda. 

- Eu sei que gosta de ser dominada quando estamos a sós. - Sorrio maliciosa e envolvo seu pescoço com os braços. - A senhorita tá com a corda toda hoje, hein?- Lhe lanço um olhar capcioso e sorrio, apoiando a mão em sua coxa enquanto selo meus lábios aos dela. - Na verdade, eu parei de comer durante a noite, mas deixa essa comida aí que não ter que fazer café amanhã será uma dádiva divina. E é bom mesmo que não se esqueça do Mungus, porque, como eu disse, sou eu ou ele e, vai por mim, ele é melhor. - Aalyah indica a menina ainda parada lá fora e meu cenho franze em estranhamento, mas meneio a cabeça em sinal de entendimento. - Ah, não afeta? A senhorita come tanto quanto eu, Caminhão Desenfreado! A diferença é que eu faço isso escancaradamente e você fica roubando os meus lanches da bolsa na primeira oportunidade. Dissimulada... - Puxo na memória a notícia do citado contrabandista. - É, fiquei sabendo. Sabe bem como repórteres podem se portar como abutres, então a notícia chegou em uma Nimbus. - Sorvo o último gole de café da xícara e sorrio, dando-lhe um selinho demorado. -Por favor. Temos que ir ao Mungus antes que você precise de um cirurgião plástico pra arrumar isso daí.