[RP ABERTA] Goddess in my eye.

Suspirou fundo, observando o ambiente a sua volta. Adorava a paz que a até então desconhecida sala precisa lhe trazia, talvez fosse porque precisasse disso. Olhou ao redor, desejando que flocos de neve começassem a cair, e a aparência da sala de transformasse em uma floresta branca. O cheio de grama, o gelado da neve, tudo parecia perfeito. Com o pensamento novamente, mirou uma árvore, desejando ter um balanço coberto e uma coberta felpuda ali perto. Era só isso que a garota precisava, era só isso o que ela queria.

Alaska costumava explorar muito os corredores de Hogwarts, e sempre foi fascinada pela até então lenda que era a sala precisa. Uma sala inteiramente mágica cujo fazia as necessidades de quem estivesse dentro. E Alaska persistiu na lenda, procurando a sala até que se tornasse uma necessidade achá-lá. E foi assim que chegou ali. Era final de semana, não se tinham aulas. Sentia a agitação dos corredores, e com isso, só desejava procurar um local para si mesma.  Sentou-se no balanço, cobrindo-se com a coberta, e logo, bem acomodada, pôs-se a ler, trazendo sossego para sua alma.

Era uma típica tarde de final de semana em Hogwarts, alunos barulhentos correndo pelos corredores e  lufanos insuportáveis fazendo brincadeiras infantis na comunal.  Chuck não era um lufano como os outros, era fechado e não tinha muita facilidade em expressar seus sentimentos, isso o impossibilitava de ter muito amigos, então passava a maior parte do tempo sozinho. O lufano caminhava pelos corredores de Hogwarts, apenas observando a forma como os outros se divertiam, alunos pregando peças, casais aproveitando o tempo livre juntos e até mesmo pessoas sentadas lendo, mas nada daquelas coisas combinava com Chuck, logo o mesmo continuava a caminhar pelos corredores.

Em um corredor praticamente vazio, Chuck surpreendeu-se com uma porta que normalmente não fazia parte do local, aquilo causava certa curiosidade no garoto. Com passos calmos se aproximava até a porta, frente a frente com o quê lhe causava curiosidade, o jovem murmurou – Seja o quê Merlim quiser – e adentrou no local. Chuck foi surpreendido, pois além de estar em um local totalmente novo ficou frente a frente com uma garota loira que provavelmente não havia notado sua presença ali, por conta da mesma nem sequer ter olhado para o garoto. Levando-se até a poltrona mais próxima, Chuck recostou a cabeça nela e disse de olhos fechados – Então essa é a famosa sala precisa? Interessante – sorriu, então notando que havia ganhado a atenção da garota, completou – A proposito, eu me chamo Chuck – o lufano fitou os olhos da loira.

Alaska deveria, em algum momento, ter dito a sala em pensamento que precisava de isolamento, de silêncio. Porém não estava tão concentrada assim para lembrar de dizer isso. Foi tarde demais o momento em que percebeu não estar sozinha, mas manteve a calma. Se ela fingisse que não estava ali, talvez ele fosse embora. Continuou com os olhos fixos no livro á sua frente, ignorando o garoto de vestes lufanas que se aproximava para sentar em uma poltrona. "A proposito, eu me chamo Chuck" - Foi o que ele disse, e esse comentário foi respondido por um simples olhar da garota, vazio, inexpressivo, por cima do livro que tão ávidamente lia. Demorou mais ou menos dois minutos de espera, para que a loira finalmente se pronunciasse, vendo que o garoto que estava ali não iria embora tão cedo.

"Alaska." Disse-lhe, simplesmente. Não estendeu a mão, não o olhou nos olhos, e omitiu o seu sobrenome. Sabia que se falasse que seu sobrenome era Heikkëniastry rapidamente seria reconhecida como filha do Ministro Da Magia, e isso não era legal. Não gostava da imagem que tinham pintado de si, odiava imagens no geral. Você nunca poderia conhecer uma pessoa através de outra pessoa, porque tudo o que a pessoa tem sobre você são impressões, e na maioria das vezes, impressões não são um terço do que você é. "O que você precisa?" Perguntou, fria, depois de mais algum tempo. A neve caia, e o frio era bem recebido. A pergunta foi dirigida ao garoto no sentido de Sala precisa, porque, se ele estava ali, ele precisava de alguma coisa. A sala precisa só aparece para aqueles que realmente precisam dela.

- Alaska? Interessante, combina com a situação – Chuck brincava por conta da neve que caia em ambos, a garota notavelmente não estava feliz com a presença do lufano lá, mas Chuck estava curioso sobre ela, pessoas quietas sempre são que mais surpreendem. Um sapo de chocolate apareceu na mesinha que estava em frente ao lufano, então com um sorriso no rosto, pegou o doce e respondeu para Alaska – Eu não sei muito bem... – mordiscou o chocolate para depois completar – Apenas queria ficar longe dessa gente irritante, principalmente os de minha casa – riu, pois era estranho alguém não gostar de seus companheiros de casa.

Chuck levantou-se da cadeira e andava pela sala observando sua estrutura, o lufano ao observar a camada de neve que havia sido criada no chão, ajoelhou-se e deitou por cima da mesma. Um silêncio constrangedor havia sido criado, provavelmente fazendo com que a garota ficasse feliz, pois notavelmente aquele era o motivo da mesma estar lá. Chuck era o tipo de pessoa que gostava de provocações, até mesmo com pessoas que não conhecia, então logo com os olhos fechados, aproveitando a sensação deliciosa de estar deitado sobre a neve, tentou tirar ela do sério – Como aqui é a sala precisa, talvez eu e você estivéssemos precisando um do outro – a piada sobre a sala provavelmente não seria bem aceita pela corvina.

Alaska fechou o livro, decididamente olhando nos olhos do garoto enquanto cruzava as pernas. Estava séria, não apreciava a visita dele naquele momento, porém, não o ignoraria. Não mais. Não era educado, precisava tratar as pessoas com respeito. Aspirou o ar frio, ouvindo o lufano reclamar dos companheiros. – Ora, isso é inusitado. Onde está sua lealdade para com seus companheiros, Chuck? – Questionou, a expressão inexpressiva, indiferente. O olhar fixo nos olhos do rapaz, lendo-o como a palma da sua mão.

O garoto podia ser considerado normal. Era jovem, vívido e engraçado. Fora que era bonito. Céus... era bonito. Isso Alaska tinha que admitir. Inclinou a cabeça um pouco para o lado, analisando o corpo do garoto, e não pode conter o sorriso que foi para seus lábios ao ouvir o que ele precisava. Um sorriso frio, assustador, pode-se dizer. Os olhos, mesmo que azul e brilhantes, poços escuros e sem emoção. Era realmente assustador. – Você quer fazer alguma coisa? – perguntou, puxando assunto. Se era pra interromper a sua boa e tranquila leitura, que assim fosse feito, mas não ficariam no tédio.

Os olhos de Chuck foram levados até os de Alaska para responder a pergunta – Minha lealdade acaba diante do nível de praticamente todas as pessoas que pertencem a Lufa-Lufa – o lufano soltou uma leve risada e completou – Não me sinto parte dessa casa, mas apenas aceito a escolha do chapéu seletor – o mesmo olhava com certo desdém para o brasão de sua casa.

Alaska notavelmente era uma garota que trazia curiosidade para Wittgenstein, olhos sempre vazios e inexpressivos, certa arrogância e provavelmente milhares de segredos escondidos. Chuck olhou de uma forma profunda nos olhos de Alaska e sugeriu – Pode parecer um pouco estranho pelo fato de não nos conhecermos, mas o quê acha de contarmos nossos maiores segredos? – o lufano piscou para ela e acrescentou – Tudo que precisamos saber das pessoas são seus segredos, eles dizem tudo sobre você – o garoto esperou a reposta  da loira tentando imitar o sorriso sem sentimento nenhum que a mesma havia lhe dado a momentos atrás.

Alaska permitiu-se sorrir de lado, olhando da mesma forma para o garoto, inexpressiva. O sorriso se manteve em seus lábios por todo o trajeto, desde que se levantou do balanço até chegar na frente do moreno. O livro jazia em seus braços, e o sorriso só se desfez quando finalmente agachou-se ao lado do garoto. Uma perna estava entre as duas do garoto, e a mão que não segurava o livro estava sustentando o pouco peso de Alaska sobre o corpo de Chuck. O olhar sobre a face dele estava sério, e seus rostos próximos. A garota olhou nos olhos dele, pensando adiante, como se não estivesse realmente naquele lugar. Estava se questionando o porquê dele ter escolhido segredos, o porquê de ele querer saber mais sobre a garota. Isso era óbvio, para a loira. Aproximou o rosto do dele alguns centímetros mais, e então olhou para os lábios dele, insinuando um possível beijo.

Mas foi só o que foi, uma insinuação, porque quando os lábios estavam quase se tocando, a garota sussurrou, sabendo que com certeza, seu hálito fresco de menta bateria contra os lábios do garoto. – Se as pessoas saíssem por aí contando seus segredos, não seriam mais segredos. – Murmurou, a voz mais baixa e mais rouca, como um suave rosnado. Sua pose, além da fala mansa e arisca ao mesmo tempo poderia lembrar um felino, um felino caçando.

Logo depois a fala da garota, ela se levantou, e tão rápido quanto havia se aproximado do garoto, se dirigiu até a porta da grande sala precisa. – Satisfações, Wittgenstein. – Disse quando já estava na porta, virada pra ela. Disse, propositalmente, o sobrenome de Chuck, que ele mesmo até então não tinha comentado. Já o havia visto antes, e tendo a memória perfeita como tinha, era óbvio que se lembraria. Afinal, nunca tinha dito para o garoto que não o conhecia, certo? O sorriso de lado voltou ao canto de seu lábio ladino, e assim, Alaska se retirou da sala precisa, sabendo que já não precisava de mais nada.